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ADMINISTRAÇÃO
Comissão criada ontem reforçará fiscalização de lei do silêncio e existência de alvará, entre outros
Prefeitura ressuscita leis antigas para
driblar Justiça e seguir multando bar
da Reportagem Local
O prefeito Celso Pitta decidiu
ontem utilizar leis antigas para
driblar liminar judicial e continuar multando bares e estabelecimentos do gênero que, segundo
ele, perturbam o sossego público.
Foi uma resposta da prefeitura à
liminar obtida anteontem pelo
Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Lanchonetes, Bares e Similares de São Paulo, que suspendeu,
na prática, a lei que determina o
fechamento dos bares à 1h.
Na verdade, tudo o que será
checado já era previsto na legislação e deveria estar sendo cumprido, mas a prefeitura paulistana
não fiscalizava com o mesmo empenho que anuncia agora.
Para tanto, Pitta criou uma comissão integrada de fiscalização
que vai usar funcionários de quatro secretarias (Finanças, Administrações Regionais, Abastecimento e Habitação) em blitze
conjuntas.
A comissão vai verificar, mesmo antes da 1h, se o estabelecimento tem toda a documentação
necessária, cumpre posturas urbanísticas municipais, tem equipamentos preventivos de segurança e obedece à lei do silêncio.
Vai checar também se os estabelecimentos têm pago impostos
corretamente, se armazenam alimentos na forma adequada, se
atendem as normas de higiene,
entre outras regras.
Discurso
"A fiscalização já era feita. A diferença é que agora vamos fiscalizar em conjunto", afirmou Carlos
Alberto Venturelli, engenheiro
que vai comandar as blitze.
Não é o que diz Regina Monteiro, do Movimento Defenda São
Paulo (entidade que agrega 75 associações de moradores de bairro). "De cada dez bares em Pinheiros, por exemplo, apenas um
tem licença de funcionamento. A
prefeitura sabe disso há anos, mas
nunca fez nada, apesar das denúncias frequentes que fizemos."
Venturelli disse que ontem
mesmo os fiscais já iriam iniciar
as vistorias na região dos bares.
Pela lei que entrou em vigor na
última quarta-feira, apenas os bares que tenham isolamento acústico, segurança e estacionamento
podem ficar abertos após a 1h.
Na liminar obtida pelo sindicato, porém, a juíza Silvia Maria
Meirelles Novaes de Andrade disse que bar é o estabelecimento comercial que "tenha como negócio
único a venda de bebidas alcoólicas".
A descrição tirou do foco das investigações praticamente todos os
estabelecimentos que a prefeitura
pretendia fiscalizar.
Definição de bar
A prefeitura paulistana entende
que a liminar da juíza não inviabiliza a lei da 1h.
"Os estabelecimentos que tiverem alvará para funcionar como
bar poderão ser enquadrados na
lei da 1h", disse o secretário municipal dos Negócios Jurídicos, Edvaldo Brito.
Na avaliação de Venturelli, o
serviço oferecido no estabelecimento não entra no mérito da
questão. "Não importa se eles servem comida ou não. Quando eles
(os proprietários) entraram com
o pedido de alvará, informaram
que estavam abrindo um bar. A
lei vale para eles", afirmou.
Apesar do discurso, a Folha
apurou que os fiscais vão optar
por multar pelos outros problemas enquanto o recurso impetrado pela prefeitura contra a liminar não for julgado.
Mesmo porque, na maioria dos
casos, os estabelecimentos têm alvarás para funcionar como bar e
lanchonete, bar e restaurante, em
vez de apenas bar.
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