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VIOLÊNCIA
Governo do Estado monta blitz em área que teve toque de recolher decretado anteontem pelo tráfico de drogas
Polícia é recebida a tiros em favela de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia enfrentou tiroteio durante a ocupação da favela Ferreira, em São Bernardo do Campo
(Grande São Paulo), ontem, a
mesma onde traficantes impuseram toque de recolher no comércio local, anteontem, em sinal de
luto pela morte de um dos supostos integrantes da quadrilha.
Os tiros começaram logo após o
secretário da Segurança Pública
do Estado, Marco Vinicio Petrelluzzi, deixar o lugar, por volta das
16h. Ele havia prometido aos comerciantes que a polícia permaneceria ali até que o problema das
ameaças fosse resolvido.
O delegado-geral da Polícia Civil Marco Antonio Desgualdo e o
coronel Rui César Melo, comandante-geral da Polícia Militar, estavam a cerca de 15 quarteirões do
local onde o tiroteio começou.
Não houve feridos.
Segundo a polícia, um rapaz armado atirou contra uma das equipes que fazia varredura em barracos e fugiu em seguida para dentro da favela, que estava cercada
por 300 policiais civis e militares.
Ninguém foi preso.
A ocupação foi deflagrada um
dia após o comércio ao longo da
avenida Humberto de Alencar
Castelo Branco, no centro da cidade, fechar as portas com medo
dos traficantes. Homens armados
em um carro teriam percorrido os
estabelecimentos avisando que
eles deveriam fechar as portas.
Anteontem, houve o enterro do
ajudante de pedreiro Wagner José
dos Santos, 18, conhecido como
Juca, apontado pela polícia como
cooperador do tráfico. Ele estava
sendo acusado de matar um sargento da Polícia Militar, mas foi
assassinado dentro da cadeia de
São Bernardo do Campo.
Nem o reforço do policiamento
antes do enterro do ajudante de
pedreiro impediu que o comércio
fechasse mais cedo.
É a terceira favela sob toque de
recolher na Grande São Paulo em
apenas dez meses. Os dois primeiros casos ocorreram no complexo
Heliópolis, na capital, onde vivem
cerca de 90 mil pessoas.
Nessa área, a polícia acredita
que grupos de traficantes estavam
lutando entre si em disputa por
espaço e vingança.
"A polícia não sai daqui enquanto não prender os envolvidos", disse o secretário.
Pela primeira vez, Petrelluzzi
admitiu de imediato a possibilidade de existir uma disputa por
prestígio entre grupos ligados ao
comércio de drogas.
Saturando
Normalmente, dez carros da
Polícia Militar cuidam da área da
favela. Ontem, só da PM, havia 21,
mais a cavalaria, que passou boa
parte da manhã no local.
"Primeiro a gente vem, ocupa,
satura e deixa equipes no local",
afirmou o delegado-geral.
A área com problema abrange
três favelas, que se fundiram em
razão do crescimento acelerado:
Ferreira, Esmeralda e Noiama.
Ontem, não havia prazo definido para a saída da polícia nem seria divulgado o número de policiais a permanecer no local.
Durante o dia, as equipes visitaram barracos que teriam servido
como cativeiro em sequestros e de
esconderijo para assaltantes.
Ao fim da operação, ontem à
noite, a polícia havia encontrado
duas pistolas -uma calibre 380
com mira laser e uma 7,65 usada
no tiroteio-, 17 papelotes de cocaína e um caminhão roubado.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, os policiais estão
identificando os autores das
ameaças, mas não foram divulgados detalhes sobre eles.
No bairro, moradores e comerciantes fogem do assunto ao serem questionados sobre o toque
de recolher, com medo.
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