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Com medo, lojistas fecham portas
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quero justiça! Meu filho não é
traficante", disse a doméstica Josefa Maria dos Santos, 41, mãe do
suposto traficante cujo assassinato foi responsável pelo toque de
recolher, anteontem em São Bernardo do Campo.
"Não houve pressão. Os comerciantes fecharam as portas porque quiseram, por respeito e amizade", afirmou o pai, Pedro Ferreira dos Santos, 41, motorista.
O proprietário de uma padaria
da avenida Humberto de Alencar
Castelo Branco afirmou que não
houve pressão para que ele fechasse o estabelecimento entre
10h e 13h de anteontem, mas não
quis ser fotografado.
Outra comerciante que não quis
se identificar foi a proprietária de
uma loja de tintas. "Quando vi todo mundo abaixando as portas,
fiz o mesmo. Fiquei com medo.
Peguei a minha filha e fui embora
sem perguntar nada."
Nobuhisa Oishi, 51, também fechou sua pastelaria anteontem
porque sentiu medo. "Disseram
que morreu um traficante e que
tinha que respeitar. Se não fizesse,
não podia mais abrir. Imagina se
eu ia brigar com eles."
"Chegou um rapaz perguntando se podia fechar porque tinha
falecido um parceiro dele. Já tinham passado no vizinho. Tratamos de fechar rapidinho", disse a
proprietária de uma loja de materiais de construção.
Apesar de a maioria dos comerciantes se negar a falar sobre traficantes, todos os entrevistados pela reportagem ontem afirmaram
que, se fosse feito um outro "pedido", as lojas seriam fechadas.
"Os traficantes protegem mais a
gente do que a polícia", disse Soraia Pinheiro Pinto, 36, proprietária de uma loja de animais.
"Já aconteceu de morrer gente
conhecida aqui e nunca fechou o
comércio", disse a dona de uma
loja de roupas.
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