São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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Parentes criticam Anac, governo e TAM

Em reunião com Jobim, na véspera de completar um mês do acidente, famílias pediram ajuda nas negociações com a companhia

Outro ponto debatido no encontro foi uma suspeita de que 23 minutos da gravação da caixa-preta tenham desaparecido

Raimundo Paccó/Folha Imagem
Aeronave da TAM sobrevoa pista do aeroporto de Congonhas, onde trabalham funcionários


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOHANNA NUBLAT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na véspera de completar um mês do acidente do Airbus da TAM, parentes de vítimas se reuniram ontem em São Paulo com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e criticaram o tratamento recebido da empresa aérea e a forma como o governo e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) vêm atuando.
Os familiares pediram auxílio do governo nas negociações com a TAM, que, segundo eles, não vem prestando assistência adequada, principalmente às pessoas que dependiam das vítimas para sobreviver.
Da reunião com 175 parentes, que durou três horas, também participaram o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e os secretários de Estado Luiz Antonio Guimarães Marrey (Justiça) e Ronaldo Marzagão (Segurança Pública).
"Reclamamos de toda negligência do governo e da Anac e pedimos mais segurança nos vôos para que outras famílias não tenham o mesmo sofrimento", disse o administrador Luiz Fernando Moisés, 36, que perdeu a mulher no acidente.
Outro ponto debatido foi uma suspeita de que 23 minutos da gravação da caixa-preta tenham desaparecido.
"Comparamos a fita. Uma aeromoça pergunta onde o avião iria pousar. O comandante responde. Depois, são 23 minutos de silêncio", disse o parente de vítima Christopher Haddad.
Os familiares disseram que a TAM está oferecendo somente um adiantamento de R$ 30 mil, o que seria insuficiente para bancar até a despesa de parte das famílias. Outra reclamação é que seria necessário contratar advogados para receber o seguro obrigatório.
Procurada pela Folha, a companhia aérea rebateu as queixas. A TAM afirma que paga todas as despesas dos parentes que estão em São Paulo e que adiantou R$ 30 mil para que as famílias se mantenham.
A TAM disse ainda que não é necessário que os familiares contratem advogados para obter o seguro. Segundo a empresa, eles devem procurar a seguradora ou a própria TAM.

Anac
Jobim afirmou que as autoridades competentes do governo federal vão apurar o suposto sumiço de um trecho da fita. Em relação às queixas contra o governo, disse entender por se tratar de um momento de "dor profunda, algo completamente compreensível". Sobre a Anac, Jobim disse que, na segunda-feira, definirá a provável substituição da diretoria da agência.
Hoje, o ministro se reúne com o conselho de administração da Infraero (estatal que administra aeroportos) para definir a troca de três diretores. Ele disse estar com dificuldades para fazê-lo. "Não é fácil encontrar, neste momento, pessoas que se disponham a enfrentar o problema. As pessoas normalmente pretendem que cargos públicos possam ser exercidos em céu de brigadeiro."
Os familiares realizam às 17h30 de hoje uma manifestação com uma caminhada nos check-ins em Congonhas. Depois, depositarão flores brancas no local do acidente.


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