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Parentes criticam Anac, governo e TAM
Em reunião com Jobim, na véspera de completar um mês do acidente, famílias pediram ajuda nas negociações com a companhia
Outro ponto debatido no encontro foi uma suspeita de que 23 minutos da gravação da caixa-preta tenham desaparecido
Raimundo Paccó/Folha Imagem
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Aeronave da TAM sobrevoa pista do aeroporto de Congonhas, onde trabalham funcionários |
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
JOHANNA NUBLAT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na véspera de completar um
mês do acidente do Airbus da
TAM, parentes de vítimas se
reuniram ontem em São Paulo
com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e criticaram o tratamento recebido da empresa aérea e a forma como o governo e
a Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) vêm atuando.
Os familiares pediram auxílio do governo nas negociações
com a TAM, que, segundo eles,
não vem prestando assistência
adequada, principalmente às
pessoas que dependiam das vítimas para sobreviver.
Da reunião com 175 parentes, que durou três horas, também participaram o governador de São Paulo, José Serra
(PSDB), e os secretários de Estado Luiz Antonio Guimarães
Marrey (Justiça) e Ronaldo
Marzagão (Segurança Pública).
"Reclamamos de toda negligência do governo e da Anac e
pedimos mais segurança nos
vôos para que outras famílias
não tenham o mesmo sofrimento", disse o administrador
Luiz Fernando Moisés, 36, que
perdeu a mulher no acidente.
Outro ponto debatido foi
uma suspeita de que 23 minutos da gravação da caixa-preta
tenham desaparecido.
"Comparamos a fita. Uma aeromoça pergunta onde o avião
iria pousar. O comandante responde. Depois, são 23 minutos
de silêncio", disse o parente de
vítima Christopher Haddad.
Os familiares disseram que a
TAM está oferecendo somente
um adiantamento de R$ 30 mil,
o que seria insuficiente para
bancar até a despesa de parte
das famílias. Outra reclamação
é que seria necessário contratar advogados para receber o
seguro obrigatório.
Procurada pela Folha, a
companhia aérea rebateu as
queixas. A TAM afirma que paga todas as despesas dos parentes que estão em São Paulo e
que adiantou R$ 30 mil para
que as famílias se mantenham.
A TAM disse ainda que não é
necessário que os familiares
contratem advogados para obter o seguro. Segundo a empresa, eles devem procurar a seguradora ou a própria TAM.
Anac
Jobim afirmou que as autoridades competentes do governo
federal vão apurar o suposto
sumiço de um trecho da fita.
Em relação às queixas contra o
governo, disse entender por se
tratar de um momento de "dor
profunda, algo completamente
compreensível". Sobre a Anac,
Jobim disse que, na segunda-feira, definirá a provável substituição da diretoria da agência.
Hoje, o ministro se reúne
com o conselho de administração da Infraero (estatal que administra aeroportos) para definir a troca de três diretores. Ele
disse estar com dificuldades
para fazê-lo. "Não é fácil encontrar, neste momento, pessoas
que se disponham a enfrentar o
problema. As pessoas normalmente pretendem que cargos
públicos possam ser exercidos
em céu de brigadeiro."
Os familiares realizam às
17h30 de hoje uma manifestação com uma caminhada nos
check-ins em Congonhas. Depois, depositarão flores brancas no local do acidente.
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