São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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Internautas vão à caça de "tesouros" em SP

Munidos com GPS, usuários de computador participam de brincadeira que os leva a conhecer lugares inusitados

Mania que começou nos EUA consiste em esconder uma caixa com um objeto sem muito valor para que outras pessoas a encontrem


CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há 49 "tesouros" escondidos no Estado de São Paulo. A maioria está debaixo de pedras, dentro de buracos ou enterrada em parques. Qualquer caçador disposto -e equipado- para encontrá-los pode pegar as dicas de graça na internet.
O GPS modernizou a antiga caça ao tesouro. Em vez dos mapas e um "xis" vermelho, as informações de latitude e longitude são colocadas na internet. Alguns esconderijos ainda podem ser ilhas desertas, mas muitos estão camuflados em pontos turísticos e cidades por onde passam milhares de pessoas todos os dias.
A mania começou nos Estados Unidos com o site www.geocaching.com que reúne coordenadas de "tesouros" espalhados pelo mundo por adeptos do jogo, os "geocachers". A caixa onde o "tesouro" é guardado é chamada de "cache".
Logo a brincadeira derrubou o mito de que fanáticos por tecnologia vivem reclusos com seus computadores. Muitos "nerds" saíram não só às ruas como aos parques, montanhas e cachoeiras, tanto para encontrar quanto para esconder os tais tesouros.

Sem grande valor
Na semana passada, havia 11.746 "caches" registrados em Nova York, 281 em Londres, 149 na China, 18 em Cuba e um no Congo. No Brasil, eles somavam 220.
Os "tesouros" espalhados pelas cidades costumam não ter grande valor. São brindes como moedas de outros países ou chaveiros. Quem encontra deve trocar por outra coisa, ou então, apenas assinar o "logbook", um livro de visitas guardado dentro do "cache".
Para os "geocachers", a recompensa está nos desafios, paisagens e passeios das caçadas. "Os "caches" levam a lugares diferentes do óbvio", diz o técnico de informática Raphael Bessa Moreira, 27, cearense que pratica a busca de tesouros por Estados do Nordeste há dois anos.

Caçada na zona leste
Na quinta, a Folha acompanhou uma caçada de um dos "cachers" mais experientes de São Paulo. O guia turístico Fernando Gil, 29, já escondeu 33 "caches" e encontrou outros 35. "Perto dos americanos e europeus é pouco", diz ele. "Um alemão esteve aqui e me contatou pelo site para procurarmos alguns juntos. Ele diz que já achou mais de 2.000", conta o guia turístico.
Gil foi à procura dos dois únicos tesouros da capital paulista que ele ainda não tinha encontrado, em Itaquera, zona leste. Como na maioria dos casos, o nome dos "caches", parque do Carmo e parque do Carmo 2, dava a dica principal da localização.
Também há "tesouros" com nomes como Ibirapuera ou Araçá e outros menos óbvios como "engordador".
O primeiro passo foi programar o GPS com as coordenadas. O modelo não incluía mapa de ruas de São Paulo e funcionou como uma bússola. A caçada durou duas horas, mas não foi considerada difícil.

Potter e Amélie
Dentro do parque, o que levou mais tempo foi esperar a saída de dois jovens que estavam bem em cima do local onde o segundo tesouro estava escondido. "São os muggles", afirma o guia turístico.
A palavra usada na história de Harry Potter para designar os "não-mágicos" foi emprestada pelos jogadores para classificar as pessoas que não fazem a caça ao tesouro.
O jogo também tem uma opção que lembra "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". No filme francês, a personagem pede a uma amiga aeromoça que leve o anão de jardim do pai e tire fotos como se ele estivesse viajando.
Ao receber as fotos pelo correio, o pai se inspira e dá a volta ao mundo. No "geocaching", pode-se esconder um "travel bug", uma placa que, quando encontrada, é levada por outro jogador para outro "cache". Quem encontra, tira uma foto e publica no site. O dono acompanha on-line a viagem real do seu mascote.


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