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Internautas vão à caça de "tesouros" em SP
Munidos com GPS, usuários de computador participam de brincadeira que os leva a conhecer lugares inusitados
Mania que começou nos EUA consiste em esconder uma caixa com um objeto sem muito valor para que outras pessoas a encontrem
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há 49 "tesouros" escondidos
no Estado de São Paulo.
A maioria está debaixo de
pedras, dentro de buracos
ou enterrada em parques.
Qualquer caçador disposto
-e equipado- para encontrá-los pode pegar as dicas de
graça na internet.
O GPS modernizou a antiga
caça ao tesouro. Em vez dos
mapas e um "xis" vermelho, as
informações de latitude e longitude são colocadas na internet. Alguns esconderijos ainda
podem ser ilhas desertas, mas
muitos estão camuflados em
pontos turísticos e cidades por
onde passam milhares de pessoas todos os dias.
A mania começou nos Estados Unidos com o site
www.geocaching.com que
reúne coordenadas de "tesouros" espalhados pelo mundo
por adeptos do jogo, os "geocachers". A caixa onde o "tesouro" é guardado é chamada
de "cache".
Logo a brincadeira derrubou
o mito de que fanáticos por
tecnologia vivem reclusos com
seus computadores. Muitos
"nerds" saíram não só às ruas
como aos parques, montanhas
e cachoeiras, tanto para encontrar quanto para esconder os
tais tesouros.
Sem grande valor
Na semana passada, havia
11.746 "caches" registrados
em Nova York, 281 em Londres,
149 na China, 18 em Cuba e
um no Congo. No Brasil, eles
somavam 220.
Os "tesouros" espalhados pelas cidades costumam não ter
grande valor. São brindes como
moedas de outros países ou
chaveiros. Quem encontra deve
trocar por outra coisa, ou então, apenas assinar o "logbook",
um livro de visitas guardado
dentro do "cache".
Para os "geocachers", a
recompensa está nos desafios,
paisagens e passeios das caçadas. "Os "caches" levam a lugares diferentes do óbvio", diz
o técnico de informática Raphael Bessa Moreira, 27, cearense que pratica a busca de
tesouros por Estados do Nordeste há dois anos.
Caçada na zona leste
Na quinta, a Folha acompanhou uma caçada de um dos
"cachers" mais experientes de
São Paulo. O guia turístico Fernando Gil, 29, já escondeu 33
"caches" e encontrou outros
35. "Perto dos americanos e europeus é pouco", diz ele. "Um
alemão esteve aqui e me contatou pelo site para procurarmos
alguns juntos. Ele diz que já
achou mais de 2.000", conta
o guia turístico.
Gil foi à procura dos dois
únicos tesouros da capital paulista que ele ainda não tinha
encontrado, em Itaquera, zona
leste. Como na maioria dos casos, o nome dos "caches", parque do Carmo e parque do Carmo 2, dava a dica principal da
localização.
Também há "tesouros" com
nomes como Ibirapuera ou
Araçá e outros menos óbvios
como "engordador".
O primeiro passo foi programar o GPS com as coordenadas. O modelo não incluía mapa de ruas de São Paulo e funcionou como uma bússola. A
caçada durou duas horas, mas
não foi considerada difícil.
Potter e Amélie
Dentro do parque, o que levou mais tempo foi esperar a
saída de dois jovens que estavam bem em cima do local onde
o segundo tesouro estava escondido. "São os muggles", afirma o guia turístico.
A palavra usada na história
de Harry Potter para designar
os "não-mágicos" foi emprestada pelos jogadores para classificar as pessoas que não fazem a
caça ao tesouro.
O jogo também tem uma opção que lembra "O Fabuloso
Destino de Amélie Poulain".
No filme francês, a personagem
pede a uma amiga aeromoça
que leve o anão de jardim do pai
e tire fotos como se ele estivesse viajando.
Ao receber as fotos pelo correio, o pai se inspira e dá a volta
ao mundo. No "geocaching",
pode-se esconder um "travel
bug", uma placa que, quando
encontrada, é levada por outro
jogador para outro "cache".
Quem encontra, tira uma foto
e publica no site. O dono acompanha on-line a viagem real do
seu mascote.
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