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Moradores reclamam de caminhões à noite
Restrição a veículos de carga durante o dia transfere trânsito e barulho para o período noturno em áreas residenciais
Em julho, o Psiu (Programa de Silêncio Urbano) registrou 54 queixas de barulho de carga e descarga, do total de 3.799 reclamações
DA REPORTAGEM LOCAL
"Estou vindo do trabalho, em
Diadema [Grande SP], e ainda
tenho que ficar aqui, parado no
trânsito, a 500 metros de casa.
Estou morrendo de fome!"
Preso no trânsito entre quatro caminhões às 22h15 da
quarta-feira, na Aclimação (região central), o empresário José Maria, 50, reclamava de um
problema cada vez mais sentido na área proibida aos caminhões durante o dia: barulho e
trânsito à noite, causados pela
circulação de veículos de carga.
Há um mês e meio eles estão
proibidos de rodar das 5h às
21h no centro. Além da Aclimação, em Pinheiros (zona oeste),
Vila Mariana e Vila Clementino
(zona sul) também há queixas
de barulho de descargas à noite.
A fila de carros naquele dia
media 500 metros. Ia até o topo
da estreita rua Pires da Mota. O
motivo: um caminhão manobrava na contramão para descarregar areia em uma obra.
Atrás dele veio um outro, de tijolos. E mais uma carreta de
gesso. E mais uma caçamba.
Começa um buzinaço. José
Maria bate boca com o motorista da carreta. José Freire, 48,
se defende. "Antes, tinha tempo para reservar o horário e entregar. Agora, tem que entrar
na fila com as outras cargas. Senão, não dá tempo."
"Fazem barulho até de madrugada. Há 15 dias teve confusão, um vizinho chamou a polícia", diz a bancária Ângela Sano, do oitavo andar de um prédio em frente à obra. O barulho
fica "na minha janela", afirma.
"Fico com zumbido no ouvido", conta o porteiro, Marcone
Costa. Naquele dia, o último caminhão só sairia às 4h15. A
construtora Even, responsável
pela obra, diz que "está cumprindo rigorosamente o decreto de restrição a caminhões".
Chama o Psiu
Em julho, o Psiu (Programa
de Silêncio Urbano) registrou
54 queixas de barulho de carga
e descarga, do total de 3.799 reclamações. O órgão diz não ter
dados de antes da proibição.
Mas as queixas de barulho de
obras saltaram 86% -de 157,
em julho de 2007, para 293 no
mês passado. O Psiu não informa os horários das queixas.
"Da última vez que liguei para o Psiu, a atendente nem queria registrar a queixa. Tive que
insistir", conta o engenheiro
Armando Farhate, que mora
em frente a uma obra, próximo
à av. Indianópolis (zona sul).
O Psiu informou que, por lei,
não mede barulho gerado em
local aberto. Mesmo assim, diz
que fará vistorias nas obras
mencionadas. O órgão afirma
estar analisando a inclusão da
fiscalização de carga e descarga
na rua em suas atribuições.
"Reclamo para quem? Para o
papa?", indaga Farhate. O recurso é ligar para a Polícia Militar (que não informou quantas
queixas recebeu em julho).
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