São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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Moradores reclamam de caminhões à noite

Restrição a veículos de carga durante o dia transfere trânsito e barulho para o período noturno em áreas residenciais

Em julho, o Psiu (Programa de Silêncio Urbano) registrou 54 queixas de barulho de carga e descarga, do total de 3.799 reclamações


DA REPORTAGEM LOCAL

"Estou vindo do trabalho, em Diadema [Grande SP], e ainda tenho que ficar aqui, parado no trânsito, a 500 metros de casa. Estou morrendo de fome!"
Preso no trânsito entre quatro caminhões às 22h15 da quarta-feira, na Aclimação (região central), o empresário José Maria, 50, reclamava de um problema cada vez mais sentido na área proibida aos caminhões durante o dia: barulho e trânsito à noite, causados pela circulação de veículos de carga.
Há um mês e meio eles estão proibidos de rodar das 5h às 21h no centro. Além da Aclimação, em Pinheiros (zona oeste), Vila Mariana e Vila Clementino (zona sul) também há queixas de barulho de descargas à noite.
A fila de carros naquele dia media 500 metros. Ia até o topo da estreita rua Pires da Mota. O motivo: um caminhão manobrava na contramão para descarregar areia em uma obra. Atrás dele veio um outro, de tijolos. E mais uma carreta de gesso. E mais uma caçamba.
Começa um buzinaço. José Maria bate boca com o motorista da carreta. José Freire, 48, se defende. "Antes, tinha tempo para reservar o horário e entregar. Agora, tem que entrar na fila com as outras cargas. Senão, não dá tempo."
"Fazem barulho até de madrugada. Há 15 dias teve confusão, um vizinho chamou a polícia", diz a bancária Ângela Sano, do oitavo andar de um prédio em frente à obra. O barulho fica "na minha janela", afirma.
"Fico com zumbido no ouvido", conta o porteiro, Marcone Costa. Naquele dia, o último caminhão só sairia às 4h15. A construtora Even, responsável pela obra, diz que "está cumprindo rigorosamente o decreto de restrição a caminhões".

Chama o Psiu
Em julho, o Psiu (Programa de Silêncio Urbano) registrou 54 queixas de barulho de carga e descarga, do total de 3.799 reclamações. O órgão diz não ter dados de antes da proibição.
Mas as queixas de barulho de obras saltaram 86% -de 157, em julho de 2007, para 293 no mês passado. O Psiu não informa os horários das queixas.
"Da última vez que liguei para o Psiu, a atendente nem queria registrar a queixa. Tive que insistir", conta o engenheiro Armando Farhate, que mora em frente a uma obra, próximo à av. Indianópolis (zona sul).
O Psiu informou que, por lei, não mede barulho gerado em local aberto. Mesmo assim, diz que fará vistorias nas obras mencionadas. O órgão afirma estar analisando a inclusão da fiscalização de carga e descarga na rua em suas atribuições.
"Reclamo para quem? Para o papa?", indaga Farhate. O recurso é ligar para a Polícia Militar (que não informou quantas queixas recebeu em julho).


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