São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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Boate no Tatuapé já era investigada por outras agressões

Evandro de Lima, 25, está internado em estado grave após ser agredido por seguranças da casa noturna, segundo a família

Delegado diz que há indícios de que são recorrentes as agressões a clientes; boate não se manifesta sobre o caso


ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O estoquista Evandro Gonçalves de Lima, 25, ficou deslumbrado com a casa noturna que visitara, havia duas semanas, no Tatuapé (zona leste). Morador da violenta Parada de Taipas (zona norte), convidou o pai a acompanhá-lo com dois amigos de volta à casa, na sexta-feira.
"Falou que estava indo lá de novo porque era um lugar seguro. Ele nunca vai em lugar perigoso", disse ontem a mãe, Rosemeire de Lima.
Evandro continuava internado em estado grave, com traumatismo craniano. Segundo testemunhas e a família, seus ferimentos foram provocados pelos seguranças da casa: a Lisboa.
"Foi um massacre. Está com o corpo todo marcado. Há sinais de coturno por todo lado", disse o pai do jovem, Josemar de Lima. "Se eu pudesse voltar no tempo, teria ido com ele. Ou teria evitado isso, ou ficado muito pior."
Ontem, a família Lima esteve no 30º DP (Tatuapé) para passar informações à polícia. Lá descobriu também que a casa onde o filho supostamente foi agredido já vinha sendo investigada por denúncias de outras agressões de seguranças a três clientes, em abril.
Para o delegado Renato Felisoni, há indícios de haver agressões recorrentes a clientes nesse local. "A escolha desses profissionais [seguranças] parece não ter critério nenhum", disse.
As estudantes Laysla Fernanda Pereira, 23, e Débora Francisquetti, 19, frequentadoras da Lisboa, disseram que há grande consumo de drogas na casa, assim como muitas brigas.
"Só dá para ir lá em grupos grandes. Em quatro pessoas, não dá nem para pensar em ir. E os seguranças são muito folgados", afirmou Laysla.
Para o delegado, porém, é necessário ampliar a investigação para saber exatamente como foram as agressões, já que imagens de câmeras de um prédio vizinho, obtidas ontem, mostram Evandro sendo agredido no lado de fora da casa noturna.
O motoboy André Luiz dos Santos, um dos acompanhantes de Evandro naquela noite, afirmou que as imagens mostram uma das três séries de espancamentos -uma teve 30 minutos, diz ele. "O chefe da segurança ainda me disse: leva seu colega embora ou vamos desová-lo no Tietê."
A família suspeita de que toda a confusão tenha começado por causa da camisa da Gaviões da Fiel que Evandro usava naquela noite.
A Folha tentou contato com os responsáveis pelo Lisboa, mas não houve respostas aos recados deixados e ninguém atendeu o telefone na casa na tarde de ontem.


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