São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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Uma semana antes de morrer, juíza iniciou grupo para investigar PMs

Patrícia Acioli organizava força-tarefa para checar registros de mortes em confronto com policiais

Polícia tenta identificar homem que perguntou sobre rotina da vítima 3 dias antes do crime e foi filmado por câmeras


DIANA BRITO
DO RIO

Uma semana antes de ser assassinada com 21 tiros na quinta-feira na porta de sua casa, em Niterói, no Rio, a juíza Patrícia Acioli organizava uma força-tarefa contra crimes cometidos por policiais militares.
A ação ocorria em conjunto com a Corregedoria da Polícia Militar e a Promotoria da 4ª Vara Criminal do Fórum de São Gonçalo.
Segundo o corregedor da PM, coronel Ronaldo Menezes, o grupo iria acompanhar casos de auto de resistência -registros de mortes em supostos confrontos com policiais militares.
O objetivo era checar as ocorrências e colher subsídios para identificar possíveis falhas ou crimes praticados pelos policiais na elaboração desses autos.
"Na ocasião [5 de agosto], a doutora Patrícia ficou cerca de cinco horas aqui na Corregedoria conversando sobre o assunto e aceitou participar dessa iniciativa. Ela inclusive marcou um novo encontro conosco no próximo dia 29", disse à Folha o corregedor.
Ainda de acordo com ele, com essa ação os casos iriam chegar de forma mais clara para o Ministério Público para que o órgão pudesse acelerar e atuar com mais rigor nos processos envolvendo PMs.
O coronel disse que, mesmo com a morte da juíza, pretende dar continuidade ao trabalho com os promotores da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo Paulo Roberto Melo Cunha e Ana Beatriz Miguel de Aquino, desligados provisoriamente do fórum.
A Folha não conseguiu localizar os promotores.

SUSPEITO
A Polícia Civil tenta identificar um suspeito que aparece em imagens de câmeras de ruas próximas à casa da juíza três dias antes do crime.
O homem, filmado às 23h13, circulou pela região e fez perguntas sobre a rotina da juíza, sem se identificar.
Investigadores da Delegacia de Homicídios do Rio dizem estar proibidos de passar informações sobre o caso.

ESCOLTA
Em 2007, após ver os quatro policiais que faziam sua escolta serem substituídos por apenas um, a juíza descobriu que ele visitava réus de processos julgados por ela, segundo o advogado Técio Lins e Silva, que representa a família de Patrícia Acioli.
"Ao perceber essa prática do PM, ela pediu a retirada dele e o retorno da equipe de quatro policiais e do carro cedidos pelo tribunal." O pedido não foi atendido, diz ele.


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