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Médico pode ter que passar por avaliações periódicas
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
Os médicos especialistas brasileiros deverão passar por processos periódicos de revalidação de
seus títulos, como é prática nos
EUA e Canadá. Hoje, no Brasil, o
médico que recebe um título de
especialidade continua com ele
pela vida toda.
A proposta de uma reavaliação
vem sendo defendida por praticamente todas as 57 sociedades de
especialidades do país. É também
um dos temas de campanha da
chapa encabeçada por Eleuses
Paiva, atual presidente da Associação Paulista de Medicina e candidato único à presidência da Associação Médica Brasileira.
"Já há um consenso sobre essa
necessidade", diz Paiva. A periodicidade dos exames ainda será
definida, mas a tendência é que
seja a cada cinco anos.
Antes de cobrar conhecimento
dos médicos, as sociedades deverão oferecer cursos de educação
continuada periódicos e em todas
as regiões do país. O uso intenso
da Internet também está previsto.
"A maioria dos médicos ganha
menos de R$ 2.000 e não poderia
se deslocar para congressos estaduais e nacionais", diz Paiva.
A idéia da educação continuada
já vem sendo adotada por algumas especialidades e é tema de
amplo debate dentro da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC). Uma proposta nesse sentido foi publicada na última edição
dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia por um grupo de médicos que vai levá-la ao Congresso
Brasileiro de Cardiologia, que
acontece em setembro.
No projeto, seus autores defendem um sistema de pontuação
que garantiria a revalidação dos
títulos de especialidade. Por
exemplo, a presença em congressos e seminários, a apresentação
de trabalhos e a publicação de artigos somariam um determinado
de pontos.
"A maioria dos Estados americanos tem leis exigindo que o médico passe por uma atualização a
cada dois anos", diz Bráulio Luna
Filho, um dos autores da proposta
e presidente da comissão de educação continuada dentro da SBC.
Médicos que não atingem uma
determinada pontuação são convocados a dar explicações e a fazer
exames. "A educação continuada
é uma estratégia para lidar com o
grande número de informações
que surgem a cada dia na área
médica", diz Celso Ferreira, co-autor da proposta e presidente da
Fundação Brasileira de Cardiologia (SBC-Funcor).
Luna e Ferreira estimam que,
para se manter atualizado, um
médico cardiologista teria que ler
-e absorver- uma média de 25
artigos científicos por dia. O conhecimento na área médica, que
resistia por 15 ou 20 anos, vem
mudando a uma velocidade
anual. Em uma década, o número
de informações nessa área deve
dobrar a cada semana.
A educação continuada promovida pelas sociedades, com o estabelecimento de diretrizes para cada situação, é vista como a melhor
forma de garantir a qualidade da
medicina em todo o país.
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