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Policiais em greve só atendem casos graves
Paralisação iniciada ontem é por tempo indeterminado, diz sindicato; centenas de pessoas não conseguiram atendimento ontem
Categoria quer aumento de
15%, entre outros pontos;
governo diz que reivindicação
está "fora da realidade
orçamentária do Estado"
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Policiais protestam por reajuste diante do 1º DP (centro); em 26 DPs, atendimento esteve restrito a casos de maior gravidade
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA RIBEIRÃO
DA AGÊNCIA FOLHA
Os policiais civis de São Paulo entraram ontem em greve
por tempo indeterminado, suspendendo parcialmente o atendimento à população em boa
parte das delegacias da capital e
do interior do Estado. Centenas de pessoas que procuraram
a polícia para registrar casos
como de furto, roubo e perda de
documentos foram orientadas
a voltar para casa.
Nas cadeias públicas, principalmente do interior do Estado, advogados não puderam visitar os presos -que também
não foram levados a audiências
no fórum. Só foram cumpridos
mandados de soltura. A Polícia
Militar, responsável pelo patrulhamento ostensivo, não
aderiu ao movimento.
A Folha esteve em 45 dos 93
distritos policiais da capital e
verificou que em 26 o atendimento estava restrito a casos
de maior gravidade. Segundo o
sindicato, desses 93, 62 apoiaram o movimento. No interior,
diz a entidade, a adesão foi ainda maior: atingiu 49 das 52 delegacias seccionais.
A gestão José Serra (PSDB)
não quis fazer um balanço da
greve. Por meio de nota oficial,
a Secretaria da Segurança Pública afirmou que a greve é
"despropositada" e que os policiais optaram pelo "risco e pela
intransigência".
Os policiais estão em estado
de greve desde o dia 13 de agosto, quando fizeram paralisação
de apenas sete horas. Eles reivindicam aumento salarial de
15% neste ano e reajustes de
12% nos dois anos seguintes. A
pauta de reivindicações inclui
outros itens como a eleição direta para delegado-geral.
O governo ofereceu um investimento de R$ 500 milhões
na folha de pagamento em
2009, o que representaria reajuste de cerca de 7%, segundo
cálculo da Folha. Em relação à
eleição direta para delegado-geral, o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão,
já disse tratar-se de uma proposta inadmissível e inviável.
O delegado André Dahmer,
da Adpesp (associação dos delegados de polícia do Estado),
afirmou que, das 8h às 13h de
ontem, foram registrados na
capital 230 boletins de ocorrência (que dão o início à investigação policial). Na terça passada, sem greve, foram 497 no
mesmo período.
Policiais de delegacias de Ribeirão Preto, Araraquara, São
Carlos e Franca afirmaram que
cerca de 300 pessoas deixaram
de ser atendidas ontem. "Toda
a greve causa um certo prejuízo
à população. Mas estamos procurando fazer de tal forma que
cause o menor prejuízo possível", diz o presidente da Adpesp, Sérgio Marcos Roque.
80% do efetivo
Liminar do TRT (Tribunal
Regional do Trabalho), mantida por decisão anteontem do
STF (Supremo Tribunal Federal), determina o comparecimento de 80% dos policiais às
delegacias e impede a interrupção total de qualquer tipo de
atividade, sob pena de multa
diária de R$ 200 mil. O sindicato diz que está cumprindo a decisão do TRT.
Policiais afirmaram à Folha
que, na capital, o movimento
foi mais forte nas delegacias de
bairros mais afastados. Funcionários do 14ºDP (Pinheiros),
15º DP (Itaim Bibi) e 23ºDP
(Perdizes) disseram não ter
aderido à greve com medo de
serem transferidos pela Secretaria da Segurança para delegacias da periferia.
(JULIANA COISSI,
KLEBER TOMAS e LUIS KAWAGUTI)
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