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LEGISLATIVO
Câmara tem de votar uma série de projetos do Executivo, nenhuma audiência foi realizada e base está abalada
Planos diretores podem ficar para 2004
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da determinação da
prefeita Marta Suplicy (PT) de
que os planos diretores regionais
sejam votados ainda neste ano, o
líder do governo na Câmara Municipal de São Paulo, João Antonio (PT), não descarta que isso fique só para o ano que vem.
O petista afirma que tem os 37
votos necessários para a aprovação das propostas, mas que o
principal é a consistência dos textos finais. "O projeto tem de ser
bem-feito", afirma João Antonio.
O líder do governo ainda espera
aprovar o projeto pelo menos em
primeira votação neste ano, mas
ainda há muito o que fazer. Estão
pendentes na Câmara Municipal
vários projetos de interesse do
Executivo -como o que prevê
descontos na taxa do lixo, que está
no Legislativo há mais de um mês.
Para piorar a situação, a base
aliada saiu dividida da votação, na
terça-feira passada, que livrou a
vereadora afastada Myryam Athiê
(PPS) de uma investigação no Legislativo. Alguns partidos, como o
PL, que tem cinco vereadores, defendiam a continuidade do processo, enterrada depois de uma
manobra do governo.
Além disso, se os planos ficarem
para 2004, o número de votos necessário para a sua aprovação cai
de 37 para 33 dos 55 vereadores.
Isso porque em 2003 já foi votado
um projeto que alterava o zoneamento em São Paulo -de anistia
a lojas irregulares-, o que acabou elevando o quórum. Em
2004, a exigência "zera".
Os planos regionais completam
e detalham o plano diretor, aprovado em setembro de 2002, e tratam de questões essenciais para a
cidade, como trânsito, uso do solo
e proteção aos mananciais.
Lei de zoneamento
Além dos planos regionais, também está em tramitação a nova
Lei de Uso e Ocupação do Solo,
que regula todo o zoneamento. É
essa legislação que define, por
exemplo, o que pode funcionar
em determinada área. No entanto
os casos específicos serão ditados
pelos planos regionais.
Por isso, os dois projetos -a Lei
do Zoneamento e os planos diretores- deverão ser conduzidos
paralelamente, para que no final
não reste nenhuma incompatibilidade. "O Plano Diretor é a colocação no mapa da Lei de Zoneamento", afirma João Antonio.
Outro complicador é a série de
mudanças que terão de ser feitas
na Lei de Zoneamento. Há falhas
de redação que podem desvirtuar
o projeto. Uma delas, como a Folha revelou, permite a instalação
de comércio e de serviços em zonas exclusivamente residenciais.
A todos esses entraves, somam-se atrasos da prefeitura. No primeiro semestre, a previsão era
que os planos fossem votados até
este mês, mas houve uma série de
problemas. Os 31 planos regionais
deveriam ter sido enviados pela
prefeitura à Câmara até o dia 30
de abril, mas só chegaram em
agosto. Em razão do atraso, a
oposição chegou até a propor
uma ação contra Marta Suplicy,
por descumprimento da lei.
Cerca de dois meses depois, ainda não foi realizada nenhuma das
audiências públicas previstas. Segundo o líder do governo, serão
feitas mais audiências do que o
mínimo previsto por lei -talvez
cinco ou seis, prevê ele.
Um dos vereadores mais envolvidos na questão, o arquiteto Nabil Bonduki (PT) explica que deve
haver dois tipos de audiências, as
regionais (sobre áreas específicas)
e as temáticas (sobre assuntos
pontuais). Funcionários de seu
gabinete já esmiuçam há pelo menos um mês os documentos que
chegaram à Câmara.
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