UOL


São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LEGISLATIVO

Câmara tem de votar uma série de projetos do Executivo, nenhuma audiência foi realizada e base está abalada

Planos diretores podem ficar para 2004

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da determinação da prefeita Marta Suplicy (PT) de que os planos diretores regionais sejam votados ainda neste ano, o líder do governo na Câmara Municipal de São Paulo, João Antonio (PT), não descarta que isso fique só para o ano que vem.
O petista afirma que tem os 37 votos necessários para a aprovação das propostas, mas que o principal é a consistência dos textos finais. "O projeto tem de ser bem-feito", afirma João Antonio.
O líder do governo ainda espera aprovar o projeto pelo menos em primeira votação neste ano, mas ainda há muito o que fazer. Estão pendentes na Câmara Municipal vários projetos de interesse do Executivo -como o que prevê descontos na taxa do lixo, que está no Legislativo há mais de um mês.
Para piorar a situação, a base aliada saiu dividida da votação, na terça-feira passada, que livrou a vereadora afastada Myryam Athiê (PPS) de uma investigação no Legislativo. Alguns partidos, como o PL, que tem cinco vereadores, defendiam a continuidade do processo, enterrada depois de uma manobra do governo.
Além disso, se os planos ficarem para 2004, o número de votos necessário para a sua aprovação cai de 37 para 33 dos 55 vereadores. Isso porque em 2003 já foi votado um projeto que alterava o zoneamento em São Paulo -de anistia a lojas irregulares-, o que acabou elevando o quórum. Em 2004, a exigência "zera".
Os planos regionais completam e detalham o plano diretor, aprovado em setembro de 2002, e tratam de questões essenciais para a cidade, como trânsito, uso do solo e proteção aos mananciais.

Lei de zoneamento
Além dos planos regionais, também está em tramitação a nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, que regula todo o zoneamento. É essa legislação que define, por exemplo, o que pode funcionar em determinada área. No entanto os casos específicos serão ditados pelos planos regionais.
Por isso, os dois projetos -a Lei do Zoneamento e os planos diretores- deverão ser conduzidos paralelamente, para que no final não reste nenhuma incompatibilidade. "O Plano Diretor é a colocação no mapa da Lei de Zoneamento", afirma João Antonio.
Outro complicador é a série de mudanças que terão de ser feitas na Lei de Zoneamento. Há falhas de redação que podem desvirtuar o projeto. Uma delas, como a Folha revelou, permite a instalação de comércio e de serviços em zonas exclusivamente residenciais.
A todos esses entraves, somam-se atrasos da prefeitura. No primeiro semestre, a previsão era que os planos fossem votados até este mês, mas houve uma série de problemas. Os 31 planos regionais deveriam ter sido enviados pela prefeitura à Câmara até o dia 30 de abril, mas só chegaram em agosto. Em razão do atraso, a oposição chegou até a propor uma ação contra Marta Suplicy, por descumprimento da lei.
Cerca de dois meses depois, ainda não foi realizada nenhuma das audiências públicas previstas. Segundo o líder do governo, serão feitas mais audiências do que o mínimo previsto por lei -talvez cinco ou seis, prevê ele.
Um dos vereadores mais envolvidos na questão, o arquiteto Nabil Bonduki (PT) explica que deve haver dois tipos de audiências, as regionais (sobre áreas específicas) e as temáticas (sobre assuntos pontuais). Funcionários de seu gabinete já esmiuçam há pelo menos um mês os documentos que chegaram à Câmara.


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Abastecimento: Armazenar chuva é saída para poupar água
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.