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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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ABASTECIMENTO

Prédio em Perdizes montou sistema de captação; prefeitura obriga edifícios novos a construir "piscininhas"

Armazenar chuva é saída para poupar água

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Aproveitar a água das chuvas que começam a atingir a cidade de São Paulo com a chegada do verão pode ser uma alternativa para consumir e, portanto, pagar menos ao regar plantas, lavar áreas externas e até mesmo na hora de usar a descarga.
Que o digam os moradores do edifício Solar Costa Rica, em Perdizes (zona oeste de São Paulo). Há três anos, eles quase não desembolsam nada pelo que gastam para molhar o jardim e limpar os dois pátios e três andares de garagem do prédio. A água para isso literalmente cai do céu.
No racionamento de 2000 -que, na verdade, nem atingiu o bairro-, o síndico, um engenheiro mecânico aposentado, teve a idéia de aproveitar o que antes ia para as galerias pluviais e montou um sistema para captar chuva.
Comprou quatro caixas-d'água, cada uma com capacidade para mil litros, e as colocou no segundo subsolo, conectando-as por canos. Numa ponta, montou uma tubulação que, por gravidade, recebe a água que cai no térreo e iria, por canaletas, para a rua; na outra, instalou uma bomba que manda essa água de volta para uma torneira no pátio.
A economia com o que deixa de ir para o ralo é de quase R$ 10 mil a cada vez que as caixas são totalmente esvaziadas -o que é mais frequente no verão, quando acumulam mais água. Os resultados são tão positivos que a administração do prédio planeja dobrar a capacidade de reservação.
E o menor gasto não é o único ganho. Armazenar chuva significa também diminuir o risco de enchentes, já que a medida reduz o volume de água que corre para córregos e rios.

Piscininhas
A cidade de São Paulo já tem até uma lei que, desde 2002, obriga prédios novos a ter "piscininhas" para isso. Como a obrigação implica custos a mais, ela pode incentivar o aproveitamento do que é guardado, diz o vice-presidente do Sinduscon-SP (sindicato da construção civil), José Romeu Ferraz Neto.
Ele afirma, porém, que iniciativas desse tipo ainda são pontuais. "De qualquer forma, é preciso pagar pelo esgoto recolhido [metade da tarifa total de água], e muitos edifícios avaliam que não vale o investimento."
Não é o que pensa a prefeitura, que financiou, pelo Bolsa Empreendedor, um projeto de captação de água da chuva para uso em vasos sanitários. A montagem do sistema -que guarda o que escorre dos telhados das casas e envia para as caixas de descarga- custa R$ 130, diz Haroldo Tavares de Sá, 25, um dos cinco alunos da Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo) da zona leste que idealizaram o protótipo.
Cada um dos estudantes -que cursam informática- recebeu R$ 300 por mês durante um semestre para trabalhar no projeto. Os resultados deverão ser aplicados nos mutirões para construção de casas populares em 2004.
"Com o tratamento adequado, essa água até poderia ser consumida, mas, aí, seria preciso avaliar se o custo compensa", afirma Haroldo Tavares de Sá.


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