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ABASTECIMENTO
Prédio em Perdizes montou sistema de captação; prefeitura obriga edifícios novos a construir "piscininhas"
Armazenar chuva é saída para poupar água
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Aproveitar a água das chuvas
que começam a atingir a cidade
de São Paulo com a chegada do
verão pode ser uma alternativa
para consumir e, portanto, pagar
menos ao regar plantas, lavar
áreas externas e até mesmo na hora de usar a descarga.
Que o digam os moradores do
edifício Solar Costa Rica, em Perdizes (zona oeste de São Paulo).
Há três anos, eles quase não desembolsam nada pelo que gastam
para molhar o jardim e limpar os
dois pátios e três andares de garagem do prédio. A água para isso
literalmente cai do céu.
No racionamento de 2000
-que, na verdade, nem atingiu o
bairro-, o síndico, um engenheiro mecânico aposentado, teve a
idéia de aproveitar o que antes ia
para as galerias pluviais e montou
um sistema para captar chuva.
Comprou quatro caixas-d'água,
cada uma com capacidade para
mil litros, e as colocou no segundo
subsolo, conectando-as por canos. Numa ponta, montou uma
tubulação que, por gravidade, recebe a água que cai no térreo e
iria, por canaletas, para a rua; na
outra, instalou uma bomba que
manda essa água de volta para
uma torneira no pátio.
A economia com o que deixa de
ir para o ralo é de quase R$ 10 mil
a cada vez que as caixas são totalmente esvaziadas -o que é mais
frequente no verão, quando acumulam mais água. Os resultados
são tão positivos que a administração do prédio planeja dobrar a
capacidade de reservação.
E o menor gasto não é o único
ganho. Armazenar chuva significa também diminuir o risco de
enchentes, já que a medida reduz
o volume de água que corre para
córregos e rios.
Piscininhas
A cidade de São Paulo já tem até
uma lei que, desde 2002, obriga
prédios novos a ter "piscininhas"
para isso. Como a obrigação implica custos a mais, ela pode incentivar o aproveitamento do que
é guardado, diz o vice-presidente
do Sinduscon-SP (sindicato da
construção civil), José Romeu
Ferraz Neto.
Ele afirma, porém, que iniciativas desse tipo ainda são pontuais.
"De qualquer forma, é preciso pagar pelo esgoto recolhido [metade
da tarifa total de água], e muitos
edifícios avaliam que não vale o
investimento."
Não é o que pensa a prefeitura,
que financiou, pelo Bolsa Empreendedor, um projeto de captação de água da chuva para uso em
vasos sanitários. A montagem do
sistema -que guarda o que escorre dos telhados das casas e envia para as caixas de descarga-
custa R$ 130, diz Haroldo Tavares
de Sá, 25, um dos cinco alunos da
Fatec (Faculdade de Tecnologia
de São Paulo) da zona leste que
idealizaram o protótipo.
Cada um dos estudantes -que
cursam informática- recebeu
R$ 300 por mês durante um semestre para trabalhar no projeto.
Os resultados deverão ser aplicados nos mutirões para construção
de casas populares em 2004.
"Com o tratamento adequado,
essa água até poderia ser consumida, mas, aí, seria preciso avaliar
se o custo compensa", afirma Haroldo Tavares de Sá.
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