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Policiais civis e PMs entram em confronto
Grevistas rompem barreira da Polícia Militar para protestar em frente à sede do governo de SP; pelo menos 25 ficam feridos
Confronto entre forças policiais nunca havia ocorrido no Estado; no ato, alguns policiais civis empunharam armas; coronel é ferido
Alex Almeida/Folha Imagem
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Policiais militares disparam balas de borracha na tropa civil que tenta romper barreira para seguir em direção à sede do governo; policiais civis em greve exigiam diálogo com o Executivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Policiais civis e militares entraram em confronto ontem
perto do Palácio dos Bandeirantes. No conflito foram usadas bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e munição
convencional e de borracha. Ao
menos 25 pessoas ficaram feridas. O coronel da PM Danilo
Antão Fernandes foi atingido
por uma bala na perna.
É a primeira vez que as polícias entram em confronto no
Estado de São Paulo.
O confronto aconteceu por
volta das 16h, quando centenas
de policiais civis em greve, que
exigiam ser recebidos pelo governo, romperam uma barreira
da PM para seguir em direção
ao palácio, no Morumbi (zona
oeste de São Paulo).
No confronto, alguns policiais civis protestavam empunhando armas. Os PMs lançaram bombas de gás lacrimogêneo e fizeram disparos. O enfrentamento só terminou às
17h, mas a situação continuou
tensa até o início da noite.
Por volta das 18h, um primeiro-tenente da PM tentou passar entre os policiais civis e acabou cercado e agredido. O comando de greve orientou os
manifestantes a deixarem a região somente às 20h10. Pelo
menos 12 carros da PM ficaram
parados na avenida com os
pneus rasgados por facas.
A greve completou ontem
um mês. Os policiais exigem
15% de reajuste imediato e outros 12% em 2009 e, em 2010,
eleição direta para delegado-geral, cargo estratégico na polícia. A gestão Serra ofereceu
6,2%, aposentadoria especial
(aos 30 anos de carreira) e o fim
das faixas de menor salário.
O protesto
Os policiais civis se concentraram às 13h, em frente ao estádio do Morumbi. Por volta
das 15h, 14 sindicalistas aguardavam um representante do
governo para negociar, na avenida Padre Lebret, em frente à
barreira da PM. Os manifestantes ficaram a cem metros dali.
Uma hora depois, avançaram
em direção à barreira da PM, o
que deu início ao confronto.
Enquanto os policiais se enfrentavam, um carro de som tocava o Hino Nacional. O governo diz que a área é de segurança
e que atos são proibidos ali.
"De repente começaram a jogar bomba. Pensei que iria
morrer", disse Mariza Cunha,
carcereira em Ribeirão Preto.
O conflito ocorreu quando
Sidney Beraldo, secretário estadual de Gestão Pública, se
preparava para receber sindicalistas, diz o governo.
Policiais civis hostilizaram
policiais militares chamando-os de "vendidos", "pelegos" e
"puxa-saco do governo". O governador José Serra (PSDB)
também foi acusado de jogar
"uma polícia contra a outra".
"Vocês [PMs] vão pagar caro
por isso", afirmou, do alto do
carro de som, José Leal, presidente do sindicato dos delegados. Após o confronto, Leal disse que não haveria rivalidade
entre as polícias e que o problema "era com o governador".
Serra disse que a manifestação foi de uma "pequena minoria" com "interesses político-eleitorais" para influenciar o
segundo turno das eleições.
O protesto foi apoiado pelos
deputados estaduais Major
Olímpio (PV), Carlos Giannazi
(PSOL) e Roberto Felício (PT)
além do deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT), o
Paulinho. CUT, UGT e CGTB
também participaram. "Não
adianta ficar na praça. O cara
que manda [Serra] está lá em
cima. Devemos subir", disse
Paulinho no carro de som.
O delegado supervisor do
Garra, Osvaldo Nico Gonçalves,
disse que tentou impedir o
avanço dos manifestantes e que
pediu aos sindicalistas e deputados que "não inflamassem o
discurso", pois haveria confronto. "Deputados e sindicalistas não deveriam ter vindo
aqui", disse após o incidente.
Indagado se não temia ser
responsabilizado, antes do conflito, Paulinho disse: "Já tenho
tantos processos, mais um...".
O governo montou três cordões de isolamento para evitar
que o ato chegasse à frente do
palácio. O primeiro, de policiais
civis, tinha 40 carros e 50 motos do Garra, mais 30 carros do
GOE, totalizando 260 policiais.
Outras duas barreiras eram
formadas por policiais militares da Tropa de Choque, da Cavalaria e da Força Tática.
(RICARDO SANGIOVANNI, ANDRÉ CARAMANTE, CATIA SEABRA)
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