São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2004

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ACIDENTE

Duas pessoas continuam desaparecidas; pesca na baía de Paranaguá (PR) está proibida por causa de óleo derramado

Navio explode, mata 2 e polui 18 km de mar

Antonio Costa/"A Gazeta do Povo"
Bombeiros trabalham para conter fogo nos destroços do navio chileno Vicuña, que explodiu anteontem no porto de Paranaguá


MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAGUÁ

A explosão do navio BTG Vicuña, de bandeira do Chile, na noite de anteontem, no porto de Paranaguá, no Paraná, deixou dois tripulantes mortos e provocou vazamento de óleo no mar. Duas pessoas continuavam desaparecidas até as 18h de ontem.
O acidente causou danos ambientais na baía de Paranaguá, considerada um importante berçário de espécies marinhas.
Ontem à tarde, foram localizadas manchas de óleo (o navio carregava 1,5 milhão de litros de óleo tipo bunker, para sua locomoção) espalhadas por uma extensão de até 18 quilômetros.
Em razão da contaminação do mar, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) e o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) baixaram uma portaria proibindo a pesca, banhos, uso da água do mar e esportes náuticos na baía por um período indeterminado.
A Capitania dos Portos interditou o terminal de líquidos inflamáveis -onde ocorreu o acidente- também por prazo indefinido. Um parâmetro do reflexo dessa decisão pode ser medido na Petrobras, que movimentou por aquele ponto, em outubro, 271,6 milhões de litros de combustível.

Rombo
O acidente ocorreu quando o navio descarregava 14,26 milhões de litros de metanol, no píer da Cattalini Terminais Marítimos, que é privado e não sofre ingerência direta da Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), controlada pelo governo do Estado.
Foram duas explosões seguidas, entre as 19h30 e as 20h de anteontem, que fizeram um rombo no casco. O meio da embarcação afundou. A popa -onde ficam casa das máquinas, cozinha e alojamentos- e parte da proa ficaram fora d'água, queimando.
O cais da Cattalini é vizinho ao da Petrobras, e os dois ficam a cerca de 300 metros do bairro Rocio, onde acontecia uma festa para a padroeira da cidade. Cerca de 3.000 pessoas estavam na praça da igreja na hora das explosões por causa dos festejos.
O comandante dos portos do Paraná, capitão Osmar Prado da Cunha, disse que a Polícia Federal e a própria Capitania farão as investigações das causas.
A tripulação do Vicuña era composta de 31 marinheiros, a maioria de nacionalidade chilena. Dos quatro tripulantes que são dados como mortos, um é argentino, e os demais, chilenos.
O primeiro corpo foi encontrado boiando no mar por volta das 9h. O segundo foi localizado na saída da baía, pouco antes das 16h. Oficiais da Defesa Civil do Estado e do Corpo de Bombeiros disseram acreditar que dois dos tripulantes possam ter morrido dentro da embarcação.
Cerca de cem policiais e técnicos ambientais atuavam ontem no rescaldo do acidente. Foram movimentadas quatro barcaças com canhões de água e espuma para o resfriamento das máquinas. As autoridades não souberam precisar qual a quantidade de óleo e metanol que vazou para o mar e a que queimou na explosão.
Na hora do acidente, já teriam sido descarregados 9 milhões de litros de metanol, segundo o gerente-geral da Cattalini, Alcindo Cruz. Ele disse que a responsabilidade pelo navio é da agência contratadora.
Os representantes do armador e da agenciadora da carga, a Wilson Sons, não deram entrevistas nem permitiram que o comandante do navio falasse com jornalistas.

Colaborou EDUARDO DE OLIVEIRA, da Agência Folha


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