São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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Pedágio na marginal deve ter valor flexível

Prefeitura vai repassar a marginal Tietê ao Estado para viabilizar nova pista paga por usuário e concedida à iniciativa privada

Técnicos estudam adotar tecnologia de cobrança eletrônica que permite fluxo livre e preços variados por trecho e até por horário

ALENCAR IZIDORO
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

O projeto da prefeitura e do Estado para construir uma nova pista pedagiada na marginal Tietê deve prever um sistema eletrônico de cobrança que permite um fluxo livre de veículos, sem parada em cabines nem redução de velocidade, e a adoção de tarifas flexíveis, conforme a distância percorrida e os horários de utilização da via.
A idéia de fazer novas faixas na marginal, com a concessão da nova via à iniciativa privada, vem sendo estudada por técnicos municipais e estaduais desde 2005, nas gestões de Serra e Alckmin (PSDB), e deve ser formalizada nas próximas semanas por Kassab e Lembo (PFL).
A prefeitura vai enviar à Câmara um projeto para definir as atribuições de cada órgão sobre a pista, repassando ao Estado a responsabilidade pela marginal. Trata-se do primeiro passo formal para viabilizar a concessão a ser tocada pelo futuro governador Serra em 2007.
A Dersa, empresa estadual que participa do projeto, prevê que essa medida deve ocorrer em 15 dias. A assessoria de Kassab diz não querer fixar prazos.
A informação de que a futura pista pedagiada da marginal deve usar a tecnologia que evite a parada dos veículos e permita preços flexíveis de tarifa foi citada por técnicos do Estado e do setor privado que estiveram nesta semana em Santiago, durante um evento da IBTTA (associação que reúne concessionárias de rodovias do mundo inteiro) para discutir os sistemas eletrônicos de cobrança.
A intenção foi confirmada à Folha ontem por um integrante da cúpula do transporte estadual, que preferiu não se manifestar oficialmente por conta da transição ao governo Serra, que tomará a decisão final.
O tucano é um defensor do plano que prevê a criação de até oito novas faixas na marginal. Ele avalia que o projeto pode ser popular porque a cobrança vai se limitar à nova pista, mantendo a alternativa sem pedágio das faixas já existentes.

Viagem ao Chile
O modelo tecnológico citado, conhecido como "free flow", foi adotado em vias urbanas de Santiago há dois anos, além de Austrália, EUA e Canadá.
Ele consiste na instalação de pórticos em diversos pontos da avenida pedagiada e de chips nos veículos usuários.
A cobrança é registrada automaticamente conforme a passagem em cada trecho. Quem não tem chip pode adquirir um passe diário em pontos autorizados que libera, de forma eletrônica, a circulação.
Quem entra na via sem chip nem passe é flagrado por câmeras que identificam as placas dos veículos que estão em situação irregular.
O secretário de Estado dos Transportes, Dario Rais Lopes, recebeu detalhes da experiência chilena há três meses, quando viajou ao município acompanhado de integrantes da Artesp (agência paulista que regula as concessões de estradas) e se reuniu com Diego Savino, gerente-geral da Costanera Norte, responsável pela via urbana de Santiago que liga áreas centrais ao principal aeroporto.
Savino trabalhou na Ecovias entre 1998 e 2001, na fase de construção da nova Imigrantes.
Consultado por Lopes, ele defendeu a implantação do modelo eletrônico sem cabines na marginal sob a alegação de que ajudaria a adotar valores diferentes no mesmo dia -de acordo com o horário- proporcionais ao trecho percorrido.
Em Santiago, a referência é de 30 pesos a cada km (R$ 0,122) nos períodos de menor movimento, valor que dobra em momentos intermediários e triplica nas horas de pico.
"É a opção mais adequada para mudar os hábitos e redistribuir as viagens", afirmou Savino, para quem, com esse sistema, somente quem realmente precisasse usaria a via nas horas de pico, mais caras, induzindo principalmente os caminhões a rodar em horas mais baratas, como a madrugada.
Por outro lado, os motoristas não gostarão de pagar mais caro justamente quando mais vão precisar evitar a lentidão da pista sem pedágio.
"A tecnologia é a menor dificuldade. A dúvida é saber como vai ser a aceitação popular", afirma Harold Zwetkoff, responsável pelo desenvolvimento de novos negócios da CCR, grupo que controla concessionárias de rodovias como a Nova Dutra, AutoBAn e ViaOeste.


O repórter viajou a convite da CCR

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