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Pedágio na marginal deve ter valor flexível
Prefeitura vai repassar a marginal Tietê ao Estado para viabilizar nova pista paga por usuário e concedida à iniciativa privada
Técnicos estudam adotar tecnologia de cobrança eletrônica que permite fluxo livre e preços variados por trecho e até por horário
ALENCAR IZIDORO
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
O projeto da prefeitura e do
Estado para construir uma nova pista pedagiada na marginal
Tietê deve prever um sistema
eletrônico de cobrança que
permite um fluxo livre de veículos, sem parada em cabines
nem redução de velocidade, e a
adoção de tarifas flexíveis, conforme a distância percorrida e
os horários de utilização da via.
A idéia de fazer novas faixas
na marginal, com a concessão
da nova via à iniciativa privada,
vem sendo estudada por técnicos municipais e estaduais desde 2005, nas gestões de Serra e
Alckmin (PSDB), e deve ser formalizada nas próximas semanas por Kassab e Lembo (PFL).
A prefeitura vai enviar à Câmara um projeto para definir as
atribuições de cada órgão sobre
a pista, repassando ao Estado a
responsabilidade pela marginal. Trata-se do primeiro passo
formal para viabilizar a concessão a ser tocada pelo futuro governador Serra em 2007.
A Dersa, empresa estadual
que participa do projeto, prevê
que essa medida deve ocorrer
em 15 dias. A assessoria de Kassab diz não querer fixar prazos.
A informação de que a futura
pista pedagiada da marginal deve usar a tecnologia que evite a
parada dos veículos e permita
preços flexíveis de tarifa foi citada por técnicos do Estado e
do setor privado que estiveram
nesta semana em Santiago, durante um evento da IBTTA (associação que reúne concessionárias de rodovias do mundo
inteiro) para discutir os sistemas eletrônicos de cobrança.
A intenção foi confirmada à
Folha ontem por um integrante da cúpula do transporte estadual, que preferiu não se manifestar oficialmente por conta
da transição ao governo Serra,
que tomará a decisão final.
O tucano é um defensor do
plano que prevê a criação de
até oito novas faixas na marginal. Ele avalia que o projeto pode ser popular porque a cobrança vai se limitar à nova pista, mantendo a alternativa sem
pedágio das faixas já existentes.
Viagem ao Chile
O modelo tecnológico citado,
conhecido como "free flow", foi
adotado em vias urbanas de
Santiago há dois anos, além de
Austrália, EUA e Canadá.
Ele consiste na instalação de
pórticos em diversos pontos da
avenida pedagiada e de chips
nos veículos usuários.
A cobrança é registrada automaticamente conforme a passagem em cada trecho. Quem
não tem chip pode adquirir um
passe diário em pontos autorizados que libera, de forma eletrônica, a circulação.
Quem entra na via sem chip
nem passe é flagrado por câmeras que identificam as placas
dos veículos que estão em situação irregular.
O secretário de Estado dos
Transportes, Dario Rais Lopes,
recebeu detalhes da experiência chilena há três meses, quando viajou ao município acompanhado de integrantes da Artesp (agência paulista que regula as concessões de estradas) e
se reuniu com Diego Savino,
gerente-geral da Costanera
Norte, responsável pela via urbana de Santiago que liga áreas
centrais ao principal aeroporto.
Savino trabalhou na Ecovias
entre 1998 e 2001, na fase de
construção da nova Imigrantes.
Consultado por Lopes, ele
defendeu a implantação do modelo eletrônico sem cabines na
marginal sob a alegação de que
ajudaria a adotar valores diferentes no mesmo dia -de acordo com o horário- proporcionais ao trecho percorrido.
Em Santiago, a referência é
de 30 pesos a cada km (R$
0,122) nos períodos de menor
movimento, valor que dobra
em momentos intermediários
e triplica nas horas de pico.
"É a opção mais adequada
para mudar os hábitos e redistribuir as viagens", afirmou Savino, para quem, com esse sistema, somente quem realmente precisasse usaria a via nas
horas de pico, mais caras, induzindo principalmente os caminhões a rodar em horas mais
baratas, como a madrugada.
Por outro lado, os motoristas
não gostarão de pagar mais caro justamente quando mais vão
precisar evitar a lentidão da
pista sem pedágio.
"A tecnologia é a menor dificuldade. A dúvida é saber como
vai ser a aceitação popular",
afirma Harold Zwetkoff, responsável pelo desenvolvimento de novos negócios da CCR,
grupo que controla concessionárias de rodovias como a Nova
Dutra, AutoBAn e ViaOeste.
O repórter viajou a convite da CCR
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