São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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Ônibus sobe mais que o dobro da inflação

Prefeito Gilberto Kassab (PFL) autorizou reajuste de R$ 2 para R$ 2,30 a partir do dia 25; bilhete único vai a R$ 3,30

Aumento é de 15%, mas inflação desde o último reajuste, em março do ano passado, foi de 6,9%, de acordo com o IPCA

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A passagem de ônibus urbano em São Paulo subirá dos atuais R$ 2 para R$ 2,30 no dia 25, um reajuste de 15%. O último aumento havia sido concedido em março de 2005, pelo então prefeito José Serra (PSDB), eleito governador paulista. O percentual autorizado ontem pelo prefeito Gilberto Kassab (PFL) é bastante superior à inflação do período, que foi de 6,9%, segundo o IPCA.
Com o aumento anunciado pela gestão Kassab, a integração com o bilhete único -que permite até três viagens de ônibus e uma de trem ou metrô com a mesma tarifa- custará R$ 3,30. O atual valor é de R$ 3.
Mas quem colocar créditos no cartão antes do dia 25 pagará, mesmo depois do aumento, os valores atuais -R$ 2 nos ônibus e R$ 3 pela integração.
Quando o Estado definir o valor das tarifas de trens e do metrô, o que deve ocorrer até o fim do mês, o valor do bilhete único terá um novo reajuste.
Havia um acordo entre Estado e prefeitura para que o reajuste fosse dado no mesmo dia, mas a demora do governador Cláudio Lembo (PFL) em definir a tarifa fez Kassab tomar a decisão isoladamente. De acordo com Kassab, a Secretaria de Transportes apresentou na terça estudo que apontava que o valor necessário para a cobertura de todos os custos do sistema seria R$ 2,67.
"Evidentemente é um número muito alto, que não está à altura da capacidade dos nossos usuários", disse ele ontem de manhã. O reajuste foi anunciado à tarde, em nota oficial. Com a tarifa de R$ 2,30, o sistema de transporte coletivo de São Paulo ficará com um "rombo" de R$ 530 milhões, de acordo com a SPTrans, órgão municipal que gerencia o sistema.
Está previsto na proposta de Orçamento da prefeitura para 2007 um subsídio de R$ 320 milhões. "Sobram R$ 210 milhões que vamos ter de arrumar uma maneira de custear", disse o diretor-adjunto de Tecnologia e Arrecadação da SPTrans, José Carlos Nunes Martinelli.
De acordo com ele, será preciso aumentar a arrecadação e, ao mesmo tempo, reduzir custos. Martinelli citou como exemplos de ações que podem ser feitas para equilibrar as finanças o combate às fraudes e a concessão para a exploração de comércio nos terminais.
O sistema custa, a cada mês, R$ 319 milhões. Com a passagem a R$ 2,30, serão arrecadados R$ 255 milhões. A prefeitura repassará R$ 26,7 milhões. Será preciso buscar, com redução de custos e receitas extras, outros R$ 17,3 milhões Como prevê a legislação municipal, o comunicado do reajuste da tarifa de ônibus foi enviado ontem à Câmara, cinco dias úteis antes do início da vigência do novo valor.
O presidente da Comissão de Trânsito e Transporte da Câmara, Adilson Amadeu (PTB), disse que recebeu a notícia com surpresa. "A gente está há 20 dias tentando com o secretário de Transportes a planilha de custos para a gente dar uma analisada. O vereador é o fiscalizador do município, mas somos os últimos a saber."


Colaboraram FABIANE LEITE , ALENCAR IZIDORO e VINICIUS ABBATE , da Reportagem Local

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