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RETRATOS DO BRASIL
De 2003 para 2004, total de uniões oficiais subiu 7,7%; desses, 13,4% se casaram pela segunda vez
Casamento cresce até entre os descasados
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Para uma instituição considerada por muitos fracassada, o casamento deu mostras no ano passado de que ainda consegue mobilizar um número significativo de
casais. De 2003 para 2004, as Estatísticas do Registro Civil do IBGE,
divulgadas ontem pelo instituto,
indicam um aumento de 7,7% no
número de matrimônios oficializados em cartórios no Brasil. Foram 806.968 casamentos, o maior
número desde 1994.
Entre os recém-casados de
2004, há ainda um número crescente, em comparação a 1994, dos
que já estão na segunda tentativa.
São viúvos ou divorciados que
voltaram a se casar. Em 1994,
8,3% das uniões tinham ao menos
um cônjuge divorciado ou viúvo.
Dez anos depois, passou a 13,6%.
Nesse período, o número de
uniões oficializadas em cartório
envolvendo viúvos ou divorciados aumentou de 63 mil para 110
mil, uma variação de 73,3%. A
forma de casamento civil mais comum, no entanto, continua sendo
a entre solteiros. Dos 807 mil registrados no ano passado, 86,4%
eram entre solteiros. Dez anos antes, esse percentual era de 91,7%.
No que diz respeito ao aumento
do número de casamentos, a explicação dada pelos técnicos do
IBGE não tem nada de romântica.
A principal causa, segundo eles,
são as campanhas de casamentos
coletivos realizadas em diversos
municípios por prefeituras, cartórios e igrejas para regularizar a situação de casais que já estavam
vivendo em união consensual,
mas que não haviam ainda oficializado essa situação.
Já no que diz respeito ao aumento do casamento com divorciados, há uma explicação matemática e outra comportamental.
A explicação matemática é que de
1994 para 2004 vem aumentando
o número de divórcios no país.
Há 11 anos, esse total era de 95 mil.
Dez anos depois, passou a ser de
131 mil, uma variação de 37,7%.
Comparando apenas 2003 com
2004, no entanto, o instituto detecta uma ligeira queda de 3,8%
no número de divórcios.
Com mais divorciados no "mercado matrimonial", aumentam,
conseqüentemente, as chances de
um solteiro se unir oficialmente
por alguém que já tenha passado
por um casamento.
A explicação comportamental é
a quebra gradual de um tabu na
sociedade. "Até bem pouco tempo, tratava-se o fim do casamento
como um tabu e as pessoas divorciadas eram vistas com preconceito, principalmente as mulheres. Hoje, a sociedade já aceita
com mais naturalidade o divórcio
e o segundo casamento", afirma
Cláudio Crespo, gerente de Estatísticas Vitais e Estimativas Populacionais do IBGE.
O recasamento de um viúvo ou
divorciado, no entanto, é mais
provável para os homens. Dos 807
mil homens que se casaram no
ano passado, 10% (80,7 mil) deles
eram divorciados ou viúvos. Entre as mulheres, essa proporção
cai para 6,4% (51,6 mil).
Há também duas explicações
principais para essa desigualdade
a favor dos homens. A primeira é
que o preconceito pode continuar
sendo maior em relação a mulheres. A segunda é que há um excedente feminino na população brasileira, principalmente entre os
adultos e idosos. Em 2004, havia
4,7 milhões a mais de mulheres no
Brasil em relação aos homens.
Em média, os homens se casam
com mulheres mais jovens. A idade média em 2004 dos homens
que se casaram foi de 30,4 anos.
Entre as mulheres, foi de 27 anos.
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