|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-chefe de polícia é líder de quadrilha, diz delegado
Deputado estadual Álvaro Lins (PMDB) é acusado de comandar grupo de policiais que protegiam bicheiro e proprietários de máquinas caça-níqueis no Rio
MP pede a prisão de 43 pessoas, entre elas policiais ligados ao deputado, ex-chefe de polícia de Anthony e Rosinha Garotinho
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO COSTA
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-chefe de Polícia dos governos Rosinha e Anthony Garotinho e deputado estadual
eleito, Álvaro Lins (PMDB), foi
acusado por investigações da
Polícia Federal de ser o "chefe"
de quadrilha de policiais civis
que ofereciam proteção ao bicheiro Fernando de Miranda
Iggnácio, preso em outubro. A
afirmação foi feita ontem pelo
delegado Alessandro Moretti,
responsável pela operação Gladiador, deflagrada anteontem.
"Tínhamos a informação de
que um grupo da Polícia Civil
protegia um grupo da máfia de
caça-níqueis e controlava a
guerra na zona oeste para que
não chegasse ao caos. As investigações mostram que Álvaro
Lins é o chefe do grupo", disse
Moretti. Até a conclusão desta
edição, Lins não havia sido localizado pela Folha.
O Ministério Público Federal
ofereceu denúncia e pediu prisão preventiva contra 43 acusados. São bicheiros, policiais
militares e civis, contadores,
advogados e um jornalista. A
Justiça autorizou a prisão de
19. Cinco já estavam presos antes do início da operação, entre
eles os donos de caça-níqueis e
inimigos Iggnácio e Rogério
Andrade. Mais cinco foram
presos na sexta-feira.
Ontem, o policial civil Paulo
Cesar Oliveira foi preso em casa, em Padre Miguel, zona norte da cidade. Segundo Moretti,
o agente era responsável pela
entrega da propina, em envelopes, de Iggnácio a outros policiais. Ele foi peso sem resistência. Agentes da PF buscavam os
outros oito foragidos ontem.
Jornalista sob suspeita
Foi pedida também a prisão
do jornalista José Messias Xavier, produtor da TV Globo. Ele
é acusado de receber dinheiro
da quadrilha de Iggnácio para
repassar informações sobre
ações das polícias Civil e Federal que pudessem contrariar os
interesses dos criminosos. A
Justiça negou o pedido de prisão do jornalista, mas concedeu
mandato de busca e apreensão
na sua casa, que estava sendo
cumprido na tarde de ontem.
A suposta participação do
jornalista foi descoberta a partir de escutas telefônicas de integrantes do grupo de Iggnácio,
em especial o advogado dele
com Silvio Maciel de Carvalho,
seu principal contato, com
quem o jornalista mantinha
freqüentes ligações, de acordo
com o Ministério Público.
Messias Xavier trabalhou
nos jornais "A Notícia", "Extra"
e prestou serviços à Folha entre 20 de junho e 7 de outubro
de 2005. Entre os textos jornalísticos que produziu estão o
relato da investigação da Polícia Federal sobre a suposta ligação de Lins com a máfia dos
caça-níqueis, a operação que
apreendeu cocaína em carne
exportada para Europa e o sumiço de dólares e euros da sede
da PF no Rio.
A TV Globo, em seu telejornal local, informou que o jornalista entrou em licença, estaria
disposto a autorizar a quebra
de seu sigilo bancário e afirmou
que a empresa confia na honestidade de seus funcionários. A
Folha não conseguiu localizar
Xavier ontem.
Entre os denunciados pelo
Ministério Público estão os inspetores Hélio Machado da
Conceição, Jorge Luís Fernandes e Fábio Menezes de Leão.
Os policiais são ligados a Lins,
de acordo com a Polícia Federal. A PF pediu a prisão do deputado, mas foi autorizada pela
Justiça apenas a busca e
apreensão em seu apartamento. A PF não a realizou na sexta,
quando ele foi diplomado pelo
TRE, por acreditar que tinha
foro privilegiado. Estava equivocada -ele só terá a prerrogativa a partir da posse.
Texto Anterior: Gilberto Dimentein: Esses incríveis pobres ricos Próximo Texto: Natal: 25 de março recebe 1 milhão de pessoas Índice
|