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Promotor contesta liberdade de Pimenta
Condenado pelo assassinato de ex-namorada obteve anteontem habeas corpus no STJ, que suspendeu prisão
Família de Sandra Gomide afirma que decisão ""é uma vergonha"; ministra se baseou em decisão do Supremo Tribunal Federal
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público e a família de Sandra Gomide afirmaram ontem que a concessão
de uma liminar pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) em favor do jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, que suspende a ordem de prisão, é uma
"aberração jurídica" e uma
"vergonha". Eles sustentam
que o benefício a um condenado por crime hediondo, réu
confesso e foragido da Justiça é
um incentivo à impunidade.
A liminar foi concedida anteontem à noite pela ministra
Maria Thereza de Assis Moura.
A decisão foi antecipada pela
Folha na edição de ontem.
Agora, Maria Thereza e mais
dois ministros vão julgar o mérito do habeas corpus, ainda
sem data marcada. O Ministério Público acredita que esse
decisão possa ser revertida pelos outros ministros.
A ministra suspendeu a prisão determinada por três desembargadores do Tribunal de
Justiça de São Paulo na quarta-feira. Eles confirmaram a condenação de Pimenta Neves pela
morte de Sandra, em agosto de
2000, em Ibiúna (64 km de SP).
No habeas corpus, os advogados de Neves afirmaram que a
ordem de prisão expôs seu
cliente a constrangimento ilegal, porque desrespeitou decisão do STF (Supremo Tribunal
Federal), de 2001. Na época, o
STF concedeu, segundo a defesa, o direito de Neves de recorrer em liberdade da condenação nas instâncias superiores.
"A liminar do STJ é uma
aberração. Como pode conceder liberdade a um foragido da
Justiça?", afirmou o promotor
de Ibiúna Carlos Sérgio Rodrigues Horta Filho, que atuou no
julgamento de Pimenta Neves
por um júri popular, em maio.
O jornalista era considerado
foragido desde quarta-feira à
noite. Ontem, a polícia disse
que não tinha recebido nenhuma informação da Justiça e
mantinha Pimenta Neves na
lista de procurados.
Em sua decisão, a ministra
levou em consideração principalmente a decisão do STF
concedida em 2001, quando ele
ainda nem era condenado.
"A ministra não deve ter lido
esse acórdão [do STF] direito.
Essa decisão só valia para aquele momento, antes da condenação", afirmou o assistente de
acusação e advogado da família
de Sandra, Sergei Arbex. "É um
incentivo à impunidade."
O pai de Sandra, João Gomide, afirmou que a decisão é uma
vergonha. "Passaram por cima
do tribunal de São Paulo. Não
dá para acreditar em mais nada
neste país". A reportagem não
conseguiu localizar ontem os
advogados de Pimenta Neves.
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