São Paulo, Terça-feira, 18 de Janeiro de 2000


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COSTUMES
Secretaria e naturalistas vão tentar delimitar uma área própria para a prática de nudismo no Rio
Carioca desafia polícia e mantém topless

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Cristina Niemeyer de topless na praia de Ipanema, um dia depois da prisão de uma frequentadora


free-lance para a Folha

A prisão da representante comercial Rosimeri Moura Costa, 34, que fazia topless domingo na praia do Recreio (zona oeste), não intimidou as frequentadoras das praias cariocas.
Em Ipanema (zona sul), a modelo Cristina Niemeyer, 34 -que se identificou como sobrinha do arquiteto Oscar Niemeyer- aproveitava o sol da tarde e disse que "não abre mão do topless na praia". Para ela, "é muito bonito" ficar sem a marca do sutiã.
"É saudável e todas as minhas amigas naturalistas fazem topless aqui", disse ela - se referindo a rua Farme de Amoedo, conhecido "point" gay da praia. Para Cristina, não há constrangimento em ficar com os seios descobertos ao lado do filho de seis anos. "Lá em casa, isso é muito normal."
Enoli Lara, 49, também modelo e adepta do naturalismo, disse que vai fazer um movimento na Internet contra a proibição do nudismo. Segundo ela, a ação da polícia anteontem foi "absurda".
Rosemeri Costa foi detida quando estava acompanhada de seu marido, Antônio Saraiva, 62, e mais três amigas, que também tiraram o sutiã.
Na versão da comerciante, dois PMs teriam pedido a ela que se deitasse de bruços, de frente para o mar, para não constranger os banhistas que ali estavam.
Segundo ela, o pedido do policial foi atendido na mesma hora. Apesar disso, cerca de 20 policiais da 7ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar) teriam jogado uma toalha em cima dela, exigindo que se cobrisse.
Ela disse à polícia que só sairia dali se fosse algemada. Saraiva foi defendê-la e acabou sendo agredido pelos policiais, que levaram o casal para a 16ª Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca).
Rosimeri Costa foi autuada com base no artigo 233 do Código Penal (ato obsceno) que prevê pena de três meses a um ano de detenção. Saraiva foi autuado por resistência a um ato policial e teve de pagar R$ 150 de fiança.
Na versão do delegado Napoleão Salgado, a polícia teria pedido que colocassem o sutiã. Só a comerciante, no entanto, não teria obedecido as ordens.
Segundo Salgado, os frequentadores daquele trecho da praia teriam reclamado sobre o nudismo. Como não foram atendidos, acabaram pedindo reforço.
Rosimeri Costa disse à Folha que faz topless em frente à reserva há seis meses. Mãe de dois filhos (uma de 16 e um de 12 anos), ela é casada com Saraiva há cinco anos e afirma que muitas mulheres ficam sem sutiã ali. Ela e o marido ficaram indignados com a atuação da polícia e pensam na hipótese de entrar na Justiça contra o Estado.
Saraiva disse que não agrediu os policiais. "Tenho 1,60 de altura e peso 64 quilos, como posso agredir alguém?" Ele disse que chegou a fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. "Estou cheio de hematomas."
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e representantes de associações de naturalistas decidiram em reunião ontem que farão um estudo para delimitar uma área própria para a prática de nudismo no Rio.



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