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RESGATE AÉREO
Sequestradores deram indicações para que helicóptero chegasse ao local do pouso, um campo de futebol na periferia de Embu
"Não conseguia pensar direito", diz piloto
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Odailton de Oliveira Silva, 52,
piloto do helicóptero que resgatou os dois presos da Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, ficou o tempo todo que durou a ação com duas armas apontadas para sua cabeça.
O piloto decolou do aeroporto
do Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, às 12h52, para o
que seria um vôo panorâmico pela capital com dois passageiros.
Minutos depois, os passageiros
-um sentado ao seu lado e outro
atrás- sacaram as armas e mandaram que seguisse em direção a
Guarulhos.
"Com duas armas apontadas
para a sua cabeça, você não consegue pensar direito. Segui as orientações deles", relatou. A ordem
era não olhar para os lados. Apenas para o painel de controle e para a frente.
Obstáculos
Quando o homem sentado à sua
esquerda mandou que Oliveira
pousasse, já no presídio, ele chegou a argumentar sobre a dificuldade de cumprir essa ordem, por
causa da proximidade de dois
prédios e da existência de um varal com roupas.
Tão logo a aeronave aterrissou,
um dos presos que seriam resgatados correu em direção a eles e
entrou no helicóptero. Quando já
haviam decolado e estavam a cerca de dois metros do chão, apareceu outro preso, correndo. Os sequestradores, então, ordenaram
que o piloto voltasse a descer.
Do presídio, os sequestradores
mandaram que Oliveira seguisse
em direção à rodovia Anhanguera, zona oeste da capital, e que
contornasse o pico do Jaraguá, na
mesma região.
Por conta da proibição de olhar
para os lados e por estar voando
muito baixo, o piloto disse ter perdido o senso de direção. Os sequestradores é que deram indicações até a chegada ao bairro de
Santa Tereza, na periferia de Embu, na Grande São Paulo.
O pouso foi feito em um campo
de futebol. Foi nesse momento
que Oliveira pensou que seria
morto. "Disse a eles que tinha
mulher e filhas", conta. O grupo
pediu então que ele desligasse o
rádio da aeronave.
Os sequestradores e os presos
foragidos saíram correndo em direção à parte alta do bairro, onde
fica a avenida Rotary. Várias pessoas que moram perto do campo
de futebol onde o helicóptero
pousou relataram ter visto os quatro homens correndo, mas não
souberam dizer se entraram em
um automóvel. De acordo com a
Polícia Militar, o grupo teria fugido em uma van.
Pane
O piloto ainda tentou levantar
vôo, mas foi impedido por uma
pane na bateria do helicóptero.
Oliveira pediu informações sobre
onde estava, pegou um táxi e voltou para o Campo de Marte.
Depois, teve de voltar a Embu
para dar mais informações à delegacia local. Lá, ainda bastante nervoso, concedeu várias entrevistas.
Oliveira disse ter achado "estranho" quando a secretária da Táxi
Aéreo Paradela, empresa em que
trabalha, informou que ele faria
um vôo panorâmico com apenas
dois passageiros, quando o helicóptero tem lugar para mais três.
O piloto, porém, não fez perguntas aos clientes e embarcou.
O piloto chegou ao Deic (Departamento Estadual de Investigações sobre Crime Organizado),
que está centralizando as investigações sobre o caso, às 17h30 de
ontem. Ele iria prestar depoimento e ajudar a preparar um retrato-falado dos dois homens que sequestraram o avião. Até as 23h,
Oliveira continuava no local.
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