São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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NA FRONTEIRA

Suspeito é apontado como suposto líder do PCC

Acusado de planejar morte de juiz é preso com cocaína no Paraguai

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Apontado como líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa dos presídios de São Paulo, por um juiz federal, Nilton Cezar Antunes Veron foi preso pela polícia paraguaia anteontem à noite com 102,8 kg de cocaína em Pedro Juan Caballero, cidade do Paraguai separada de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, por uma rua.
Veron é acusado de encomendar a morte do juiz federal brasileiro Odilon de Oliveira, que atua em Ponta Porã, e a do governador do Departamento (Estado paraguaio) de Amambai, Roberto Acevedo. A vida dos dois valeria US$ 100 mil cada uma.
Com Veron, que teria ligação com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foram apreendidos seis carros com placas brasileiras. A polícia também prendeu o paraguaio Roselino Maldonado e o brasileiro Luiz Antônio Duarte, conhecido como Pica-pau, que obteve nacionalidade paraguaia.
Traficantes brasileiros passaram a controlar o tráfico no Paraguai, comprando fazendas para descer com aviões com cocaína, afirmou Acevedo à Folha. "[O Paraguai] é um paraíso para eles. Aqui compram habeas corpus preventivos [decisão da Justiça que mantém acusados em liberdade]. Compraram juízes, policiais e fiscais", disse. "Eles têm muito dinheiro. O tráfico aqui [em Pedro Juan Caballero] movimenta US$ 20 milhões por mês."
Na semana passada, a Folha publicou que a cocaína chega ao Paraguai em aviões vindos da Colômbia, Peru e Bolívia. Do território paraguaio, a droga entra no Brasil por terra para evitar a Lei do Abate, que autoriza a FAB (Força Aérea Brasileira) a derrubar aeronaves de traficantes.
O juiz e o governador confirmam que Veron planejava assassiná-los. "Ando com a escolta de três policiais federais. Moro no quartel do Exército que tem quatro militares de prontidão para mim", afirmou Oliveira. Segundo ele, Veron comanda ainda um grupo de pistoleiros. "O dinheiro pago pelos assassinatos é enviado ao PCC em São Paulo", disse.
A reportagem não localizou os advogados de Veron. No Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, há um processo contra ele por homicídio. Não constam, porém, nomes de advogados de defesa.


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