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GRANDE RIO
Norma deverá ser revogada
Lei de ex-prefeito dá auxílio a servidor preso
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
O atual prefeito de Duque de
Caxias (RJ), Washington Reis
(PMDB), afirma que vai revogar
uma lei criada pelo seu antecessor
José Camilo Zito (PDT), que instituía o "auxílio-reclusão".
A lei garante que a família de
um servidor do município da Baixada Fluminense preso em flagrante ou preventivamente receba dois terços do salário do funcionário durante o tempo em que
ele permanecer na cadeia. Determina ainda que a família receba
metade dos rendimentos, no caso
de o servidor-detento ser condenado definitivamente.
Zito -que chegou a ser coordenador no Rio de Janeiro da campanha de José Serra (PSDB) à Presidência em 2002 e terminou
apoiando Ciro Gomes (PPS)- é
também acusado pela atual administração de Duque de Caxias de
ter aumentado o próprio salário
ao se aposentar da prefeitura.
Uma portaria da administração
municipal anterior, divulgada ontem pela assessoria do atual prefeito, determina a aposentaria de
Zito "no cargo de guarda municipal", com rendimentos brutos de
R$ 198.728,16 anuais (equivalente
a cerca R$ 11,4 mil mensais descontados os impostos).
De acordo com a administração
atual, Zito recebia um salário líqüido de cerca de R$ 7.700 mensais antes de terminar o seu mandato como prefeito.
A Folha tentou falar com o ex-prefeito ontem, mas a assessoria
do PDT afirmou não ter conseguido encontrá-lo.
O atual prefeito, Washington
Reis, diz que o "auxílio reclusão" é
imoral, "a coisa mais absurda,
uma falta de respeito com o contribuinte". "O funcionário pode
sair cometendo crime que, preso,
ele faz uma caderneta de poupança", declara.
Reis afirma que não teria dinheiro para pagar o benefício,
mas não sabe dizer se a família de
algum servidor já foi beneficiada
pelo "auxílio".
"Alguém que tinha medo de ser
preso já queria montar a cama",
especula. "Na campanha inventaram tanto que eu ia construir presídios -eles têm um medo de
presídio do caramba."
O atual prefeito de Duque de
Caxias diz que assumiu a administração do município no início
deste mês com atraso no pagamento dos salários dos funcionários públicos, além de "uma fila
de fornecedores que chega até o
Rio de Janeiro".
Entre as medidas que anunciou
para economizar recursos está o
cancelamento da aposentadoria
do ex-prefeito -"estou cortando
hoje; ele que vá para a Justiça".
Reis, que não tinha conhecimento da lei antes da posse, declara ainda que não tem notícia de
outro município no país que tenha criado um benefício de auxílio para a família de servidores
presos.
"Acho que é o primeiro do Brasil. Deve ir até para o Guinness
Book. É o primeiro do mundo",
disse o peemedebista.
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