|
Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA
O Gringo, como a quadrilha o chama, usa seis nomes falsos e é argentino ou uruguaio, segundo a polícia de SP
Sequestrador de Bertin tem parceiro latino
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A maior quadrilha de sequestradores descoberta no país, liderada
por Pedro Ciechanovicz, 48, tinha
um participante estrangeiro: um
homem que pode ser argentino
ou uruguaio, integrou ou ainda
faz parte de organização guerrilheira, é apontado como mentor e
negociador do grupo.
Na estrutura de ""células" identificada pela polícia, ele estaria na
mesma linha de comando de Ciechanovicz, conhecido como Tio,
preso na semana passada e acusado de oito sequestros, entre eles o
do fazendeiro João Bertin, 82, patriarca da família que controla a
rede de frigoríficos Bertin.
A foto de Gringo, como o estrangeiro é chamado no grupo, foi
divulgada ontem pela Polícia Civil, que agora espera receber ligações anônimas que levem à sua
identificação. ""Ele usa seis nomes
falsos", disse o delegado Everardo
Tanganelli Júnior, do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos).
Não é a primeira vez que um estrangeiro surge em investigações
de sequestros no Brasil. Na década de 80, um grupo manteve em
cativeiro o empresário Abílio Diniz (Pão de Açúcar), sob a justificativa de arrecadar fundos para financiar ações na América Latina.
Em 2001, o publicitário Washington Olivetto foi sequestrado
por integrantes dos grupos chilenos de extrema esquerda Frente
Patriótica Manuel Rodríguez
(FPMR) e Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), liderados pelo chileno Mauricio Hernández Norambuena, condenado
a prisão perpétua em seu país.
""Não sabíamos o papel de Gringo até agora. A idéia que temos é
que ele pode ser ou ter sido de
guerrilha", afirmou o delegado
Ivaney Cayres de Souza, diretor
do Denarc. Segundo ele, Ciechanovicz aprendeu na cadeia, com
sequestradores de Diniz, como
estruturar células de ação.
A polícia desconfiava da participação de um estrangeiro desde o
sequestro da estudante Natasha
Ometto, em abril do ano passado,
no interior de São Paulo. O negociador tinha sotaque espanhol, segundo gravações telefônicas.
No sequestro do empresário
Roberto Benito Júnior, das Lojas
Cem, na região de Sorocaba, outro indício: cartas que os sequestradores mandaram à família tinham erros de português, misturando expressões em espanhol.
Na semana passada, a polícia
descobriu que Gringo esteve preso no país, mas foi resgatado sem
que antes identificassem seu verdadeiro nome e nacionalidade.
O caso aconteceu em setembro
de 99. Gringo e outro membro da
quadrilha, Altair Rocha de Lima,
hoje foragido, foram presos após
uma tentativa frustrada de roubo
de carro em São Roque (59 km de
SP). Ambos usavam nomes falsos
-Jairo dos Santos e Rogério
Aparecido da Silva, respectivamente. Dias depois, seis homens
armados com fuzis e metralhadoras retiraram os dois da cadeia de
Mairinque (66 km da capital).
Em depoimento, o sequestrador Ciechanovicz disse apenas
que Gringo é chileno.
Ontem, o Denarc informou que
irá enviar a foto dele às polícias da
Argentina e do Uruguai, para tentar descobrir seu verdadeiro nome e quais ligações dele com organizações terroristas. Informações sobre o Gringo podem ser
passadas à polícia, sem a necessidade de se identificar, pelo disque-denúncia: 0800-111718.
Próximo Texto: Girsz Aronson reconhece criminoso Índice
|