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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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TRANSPORTE

Secretário de Marta já admite implantar sistema de ônibus improvisado para concluir licitação ainda em 2003

Tatto quer evitar mudança em ano eleitoral

CHICO DE GOIS
ALENCAR IZIDORO

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo já estabeleceu um calendário "político" para finalizar a licitação dos ônibus. O prazo acaba no final deste ano. Se até lá não for possível colocar em prática as mudanças previstas no novo sistema, "dificilmente" elas acontecerão em 2004, nas palavras de Jilmar Tatto, secretário dos Transportes.
Internamente, a prefeitura espera que as regras do novo sistema sejam implantadas a partir de julho. Mas Tatto já admite que as coisas podem não sair como o planejado, pois avalia que as atuais viações de ônibus farão de tudo para continuar travando a concorrência.
A mesma situação acontece com a licitação dos perueiros, cuja entrega dos envelopes era prevista para hoje, mas que foi suspensa por medidas judiciais.
Irritado com a pressão dos empresários de ônibus, a quem acusa de se aliar ao sindicato dos motoristas para pressionar a gestão Marta Suplicy, Tatto reconhece que são grandes os riscos políticos de fazer alterações drásticas no transporte no ano que vem, quando haverá eleições municipais.
O secretário disse à Folha que a própria prefeitura prevê uma certa confusão nos primeiros dias da implantação do novo modelo, que prevê a divisão do sistema em linhas estruturais -que ligarão os bairros ao centro- e locais -que circularão apenas pelos bairros. O problema, entretanto, é medir que impactos políticos haverá de imediato.
Estudos da prefeitura demonstram que, hoje, 25% dos usuários do sistema utilizam mais de uma condução para ir ao trabalho. No novo modelo, esse número dobrará. Isso não significa, porém, que os passageiros gastarão mais tempo no trajeto. Tudo vai depender da frequência dos veículos e da prioridade ao transporte coletivo nos principais corredores.
Para apressar a implantação do novo sistema, em meio à resistência dos setores envolvidos, Tatto já defende até que ele seja colocado de forma incompleta, improvisada, ainda distante da ideal, para dar um primeiro passo.
Os empresários de ônibus da capital não apresentaram propostas para a licitação e desafiaram a prefeitura a conseguir outros interessados.
Se não houver concorrentes em parte das oito áreas da licitação, a prefeitura estuda a possibilidade de passar a administrá-las, nos moldes da antiga CMTC, ou dividi-las entre perueiros e motoristas de ônibus autônomos do atual sistema bairro-a-bairro.
Técnicos da prefeitura já planejam até uma alternativa precária caso a bilhetagem eletrônica não seja implantada no tempo previsto. Ela seria substituída por um sistema manual de vales, que já está em estudo no governo.

Cancelamento

Na semana passada, uma ação encaminhada ao TCM (Tribunal de Contas do Município) por um cidadão pediu que a concorrência dos ônibus fosse cancelada. O próprio TCM tem dúvidas sobre itens do edital e recomendou a suspensão da licitação.
O tribunal listou pelo menos dez questionamentos. Entre eles, quer saber por que o edital prevê a extensão para até 25 anos de concessão às empresas que fizerem investimentos. A Folha apurou que a secretaria deve diminuir esse prazo. O tribunal, em compensação, deverá liberar a licitação.
O relator do processo, conselheiro Edson Simões, deve apresentar seu parecer até sexta-feira.


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