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TRANSPORTE
Secretário de Marta já admite implantar sistema de ônibus improvisado para concluir licitação ainda em 2003
Tatto quer evitar mudança em ano eleitoral
CHICO DE GOIS
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo já estabeleceu um calendário "político" para finalizar a licitação dos
ônibus. O prazo acaba no final
deste ano. Se até lá não for possível colocar em prática as mudanças previstas no novo sistema,
"dificilmente" elas acontecerão
em 2004, nas palavras de Jilmar
Tatto, secretário dos Transportes.
Internamente, a prefeitura espera que as regras do novo sistema sejam implantadas a partir de
julho. Mas Tatto já admite que as
coisas podem não sair como o
planejado, pois avalia que as
atuais viações de ônibus farão de
tudo para continuar travando a
concorrência.
A mesma situação acontece
com a licitação dos perueiros, cuja
entrega dos envelopes era prevista
para hoje, mas que foi suspensa
por medidas judiciais.
Irritado com a pressão dos empresários de ônibus, a quem acusa
de se aliar ao sindicato dos motoristas para pressionar a gestão
Marta Suplicy, Tatto reconhece
que são grandes os riscos políticos
de fazer alterações drásticas no
transporte no ano que vem, quando haverá eleições municipais.
O secretário disse à Folha que a
própria prefeitura prevê uma certa confusão nos primeiros dias da
implantação do novo modelo,
que prevê a divisão do sistema em
linhas estruturais -que ligarão
os bairros ao centro- e locais
-que circularão apenas pelos
bairros. O problema, entretanto, é
medir que impactos políticos haverá de imediato.
Estudos da prefeitura demonstram que, hoje, 25% dos usuários
do sistema utilizam mais de uma
condução para ir ao trabalho. No
novo modelo, esse número dobrará. Isso não significa, porém,
que os passageiros gastarão mais
tempo no trajeto. Tudo vai depender da frequência dos veículos
e da prioridade ao transporte coletivo nos principais corredores.
Para apressar a implantação do
novo sistema, em meio à resistência dos setores envolvidos, Tatto
já defende até que ele seja colocado de forma incompleta, improvisada, ainda distante da ideal, para
dar um primeiro passo.
Os empresários de ônibus da capital não apresentaram propostas
para a licitação e desafiaram a
prefeitura a conseguir outros interessados.
Se não houver concorrentes em
parte das oito áreas da licitação, a
prefeitura estuda a possibilidade
de passar a administrá-las, nos
moldes da antiga CMTC, ou dividi-las entre perueiros e motoristas de ônibus autônomos do atual
sistema bairro-a-bairro.
Técnicos da prefeitura já planejam até uma alternativa precária
caso a bilhetagem eletrônica não
seja implantada no tempo previsto. Ela seria substituída por um
sistema manual de vales, que já
está em estudo no governo.
Cancelamento
Na semana passada, uma ação
encaminhada ao TCM (Tribunal
de Contas do Município) por um
cidadão pediu que a concorrência
dos ônibus fosse cancelada. O
próprio TCM tem dúvidas sobre
itens do edital e recomendou a
suspensão da licitação.
O tribunal listou pelo menos
dez questionamentos. Entre eles,
quer saber por que o edital prevê a
extensão para até 25 anos de concessão às empresas que fizerem
investimentos. A Folha apurou
que a secretaria deve diminuir esse prazo. O tribunal, em compensação, deverá liberar a licitação.
O relator do processo, conselheiro Edson Simões, deve apresentar seu parecer até sexta-feira.
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