UOL


São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Gualter Carvalho, seu cliente pagou só R$ 200 mil por terrenos por saber que transação poderia não dar certo

Tentativa de posse é "aventura", diz advogado

DA REPORTAGEM LOCAL

A tentativa de Gumpei Yamada de conseguir na Justiça a área de 31.613 m2 é considerada uma "aventura" pelo advogado dele, Gualter Carvalho Filho. "É indefinido. Pode ou não dar certo. Chama-se, entre aspas, aventura."
Segundo Carvalho Filho, Yamada pagou pelos "direitos possessórios" dos terrenos só R$ 200 mil, 1,4% do atual valor de mercado, por saber que a tentativa de posse poderia não ter sucesso.
Questionado sobre o motivo de Yamada gastar esse dinheiro sem a garantia da propriedade definitiva do imóvel, o advogado respondeu: "Ele faz com o dinheiro dele aquilo que ele quiser".
Carvalho Filho disse ainda que, embora a área seja considerada pública pelos registros municipais, dezenas de particulares passaram a reivindicá-la após a tentativa de construção do parque.
No processo de usucapião, Yamada cita uma transcrição de 1938, em nome de Lauriston Job Lane Júnior -que vendeu os terrenos nos anos seguintes. Um dos compradores foi a família de Ferdinando Matarazzo, que parcelou as terras e foi obrigada a destinar uma parcela para arruamentos.

Contradições
O advogado Carvalho Filho disse que Jovelino Batista, e não Misael de Lima, tem direito de usucapião (só concedido quando envolve terrenos privados, ocupados há mais de 20 anos) e recebeu R$ 200 mil de Yamada pela venda dos "direitos possessórios".
Questionado sobre as contradições processuais, já que inicialmente foi apresentado um documento em que Lima, e não Batista, admitia ter recebido a verba, ele respondeu: "Eu escrevo aquilo que ele [Yamada" me relata. Você tem que entrevistar quem elaborou esse documento [Yamada"".
A Folha tentou na última semana conversar com Yamada no telefone indicado pelo advogado, mas ninguém atendeu. A reportagem esteve no endereço dele e deixou recado na portaria do prédio, mas não houve resposta.
A Folha também tentou conversar com Lima e Batista, por telefone e na casa deles. Lima disse que não iria declarar nada e se recusou a chamar Batista.
O advogado Carvalho Filho disse que, "se a prefeitura entrar na briga", os resultados finais da ação de usucapião devem levar mais de dez anos. Ele disse que a falta de manifestação do poder público antes da liminar de reintegração de posse indica que não há interesse da municipalidade. "Quem cala consente. A lei não socorre quem dorme." (AI)


Texto Anterior: Justiça anulou concessão de terreno
Próximo Texto: Panorâmica - Vestibular: Unifesp divulga outros aprovados
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.