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Para Gualter Carvalho, seu cliente pagou só R$ 200 mil por terrenos por saber que transação poderia não dar certo
Tentativa de posse é "aventura", diz advogado
DA REPORTAGEM LOCAL
A tentativa de Gumpei Yamada
de conseguir na Justiça a área de
31.613 m2 é considerada uma
"aventura" pelo advogado dele,
Gualter Carvalho Filho. "É indefinido. Pode ou não dar certo. Chama-se, entre aspas, aventura."
Segundo Carvalho Filho, Yamada pagou pelos "direitos possessórios" dos terrenos só R$ 200
mil, 1,4% do atual valor de mercado, por saber que a tentativa de
posse poderia não ter sucesso.
Questionado sobre o motivo de
Yamada gastar esse dinheiro sem
a garantia da propriedade definitiva do imóvel, o advogado respondeu: "Ele faz com o dinheiro
dele aquilo que ele quiser".
Carvalho Filho disse ainda que,
embora a área seja considerada
pública pelos registros municipais, dezenas de particulares passaram a reivindicá-la após a tentativa de construção do parque.
No processo de usucapião, Yamada cita uma transcrição de
1938, em nome de Lauriston Job
Lane Júnior -que vendeu os terrenos nos anos seguintes. Um dos
compradores foi a família de Ferdinando Matarazzo, que parcelou
as terras e foi obrigada a destinar
uma parcela para arruamentos.
Contradições
O advogado Carvalho Filho disse que Jovelino Batista, e não Misael de Lima, tem direito de usucapião (só concedido quando envolve terrenos privados, ocupados há mais de 20 anos) e recebeu
R$ 200 mil de Yamada pela venda
dos "direitos possessórios".
Questionado sobre as contradições processuais, já que inicialmente foi apresentado um documento em que Lima, e não Batista, admitia ter recebido a verba,
ele respondeu: "Eu escrevo aquilo
que ele [Yamada" me relata. Você
tem que entrevistar quem elaborou esse documento [Yamada"".
A Folha tentou na última semana conversar com Yamada no telefone indicado pelo advogado,
mas ninguém atendeu. A reportagem esteve no endereço dele e
deixou recado na portaria do prédio, mas não houve resposta.
A Folha também tentou conversar com Lima e Batista, por telefone e na casa deles. Lima disse
que não iria declarar nada e se recusou a chamar Batista.
O advogado Carvalho Filho disse que, "se a prefeitura entrar na
briga", os resultados finais da
ação de usucapião devem levar
mais de dez anos. Ele disse que a
falta de manifestação do poder
público antes da liminar de reintegração de posse indica que não
há interesse da municipalidade.
"Quem cala consente. A lei não
socorre quem dorme."
(AI)
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