São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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SAÚDE NA UTI

Prefeitura descumpriu ordem judicial de repor estoque, diz governo federal; prefeito diz querer facilitar ação de interventor

Kit de sangue só dura 1 dia em hospital do Rio

FABIANE LEITE
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério da Saúde informou ontem que o estoque de kits de exames de sangue do maior hospital de urgências da América Latina, o Souza Aguiar, no centro do Rio, acabará em 24h. Segundo a pasta, a administração Cesar Maia (PFL) descumpriu ordem judicial obtida pelo ministério anteontem para manter as unidades sob intervenção federal -entre elas o hospital- abastecidas.
Hoje o ministério deve informar a Justiça sobre o descumprimento. O coordenador do grupo de intervenção, Sérgio Côrtes, não soube dizer a quais medidas judiciais a prefeitura estará sujeita.
Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o envio dos kits depende de uma requisição formal do ministério. A secretaria informou ainda que isso é um procedimento normal nas unidades do município. O ministério contesta e diz que o abastecimento do item deve ser contínuo, sem necessidade de requisição.
Pela ausência de um sistema informatizado, o grupo de intervenção diz não ter como precisar os dados, mas estima que o Souza Aguiar faça 70 mil exames laboratoriais por mês, a maioria deles testes de sangue. O hospital realiza 2.200 atendimentos de pronto-socorro por dia e de 2.500 a 3.000 internações por mês.
Os kits são insumos que permitem saber várias informações sobre o paciente por meio do exame do sangue. "Isso nos leva a uma situação extremamente grave", disse Côrtes ontem. Segundo ele, só havia estoque ainda porque o Into (Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia, uma das unidades federais que coordena a intervenção) enviou parte de seus kits para o Souza Aguiar.
"Minha única preocupação é com a qualidade de vida da população do Rio. Neste sentido atuo. Pense bem: se há um gestor novo, porque não deixá-lo à vontade para trabalhar com sua equipe?", respondeu ontem o prefeito Cesar Maia ao ser questionado se as medidas referentes às unidades sob intervenção não comprometem seu futuro político.
Os três únicos hospitais de campanha das Forças Armadas serão montados no Rio para realizar atendimentos ambulatoriais e desafogar os hospitais, informou Côrtes. Também foram disponibilizados 27 leitos em hospitais das Forças Armadas no Rio.


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