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Sinal de telefone celular complica versão de Felipe
Rastreamento mostra que, após as mortes de Glauco e Raoni, Carlos Eduardo percorreu 8 km em 9 minutos, o que não poderia ser feito a pé
Felipe Iasi, que levou o rapaz até a chácara do cartunista, afirma que deixou a casa antes dos disparos e que deixou o amigo a pé
AFONSO BENITES
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O telefone celular usado por
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, que confessa ter matado o cartunista Glauco Vilas
Boas, 53, e o filho Raoni, 25, pode ser o principal instrumento
da polícia para esclarecer como
Nunes deixou o local do crime.
A dúvida é se Felipe Iasi
transportou o amigo na fuga,
versão relatada por uma testemunha e negada por ambos.
Os dados mostram que, após
deixar o local, Nunes percorreu
8 quilômetros em 9 minutos, o
que não poderia ser feito a pé,
como ele diz que fez.
Iasi conta que só levou o amigo de carro até lá porque estava
sob a mira de uma pistola e que
fugiu antes das mortes.
Por causa da suspeita, a polícia ainda avalia a possibilidade
de indiciar Iasi. Porém, até ontem, ainda não havia elementos
suficientes para isso. O estudante deve ser ouvido novamente. Seu advogado, Cássio
Paoletti, reafirma que o cliente
manterá a versão.
Em depoimento anteontem,
em Foz do Iguaçu -onde está
preso desde domingo, quando
tentou fugir para o Paraguai-,
Nunes disse que foi armado à
casa de Glauco porque acreditava que o cartunista tinha o dom
de apontar pessoas que eram
reencarnação de personagens
bíblicos e queria sequestrá-lo
para ouvir quem seu irmão
mais novo foi no passado.
O delegado titular do Demacro (responsável pela região
metropolitana), Marcos Carneiro, relatou que houve premeditação, mas não disse se o planejamento se refere ao assassinato
ou à tentativa de sequestro.
Nunes afirmou ter comprado
uma arma na periferia de São
Paulo após conseguir dinheiro
vendendo maconha na Vila Madalena (zona oeste).
O pai do rapaz, Carlos Grecchi Nunes, disse ontem à TV
Globo que o filho não pode responder pelas mortes, já que
apresenta transtornos psicológicos desde que passou a frequentar a igreja Céu de Maria,
fundada por Glauco.
Ele diz que pediu a ajuda do
cartunista. "[Falei:] "Não dá
mais o chá". O Glauco falou para
a gente ficar tranquilo."
Em Foz do Iguaçu, a Polícia
Federal disse ontem que o exame toxicológico de Nunes (referente ao período de 11 a 15 de
março) deu positivo para maconha e negativo para anfetaminas, cocaína ou crack.
Novo comando
Desde ontem, a investigação
do caso é chefiada por Carneiro,
que deve vistoriar o trabalho
iniciado por Archimedes Junior. A Folha apurou que a troca ocorreu porque, mesmo sabendo quem era o principal
suspeito e tendo seus dados de
telefone celular, o delegado não
conseguiu prendê-lo.
Colaboraram ALEXANDRE PALMAR e
GRACILIANO ROCHA
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