São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2010

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Sinal de telefone celular complica versão de Felipe

Rastreamento mostra que, após as mortes de Glauco e Raoni, Carlos Eduardo percorreu 8 km em 9 minutos, o que não poderia ser feito a pé

Felipe Iasi, que levou o rapaz até a chácara do cartunista, afirma que deixou a casa antes dos disparos e que deixou o amigo a pé

AFONSO BENITES
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O telefone celular usado por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, que confessa ter matado o cartunista Glauco Vilas Boas, 53, e o filho Raoni, 25, pode ser o principal instrumento da polícia para esclarecer como Nunes deixou o local do crime.
A dúvida é se Felipe Iasi transportou o amigo na fuga, versão relatada por uma testemunha e negada por ambos.
Os dados mostram que, após deixar o local, Nunes percorreu 8 quilômetros em 9 minutos, o que não poderia ser feito a pé, como ele diz que fez.
Iasi conta que só levou o amigo de carro até lá porque estava sob a mira de uma pistola e que fugiu antes das mortes.
Por causa da suspeita, a polícia ainda avalia a possibilidade de indiciar Iasi. Porém, até ontem, ainda não havia elementos suficientes para isso. O estudante deve ser ouvido novamente. Seu advogado, Cássio Paoletti, reafirma que o cliente manterá a versão.
Em depoimento anteontem, em Foz do Iguaçu -onde está preso desde domingo, quando tentou fugir para o Paraguai-, Nunes disse que foi armado à casa de Glauco porque acreditava que o cartunista tinha o dom de apontar pessoas que eram reencarnação de personagens bíblicos e queria sequestrá-lo para ouvir quem seu irmão mais novo foi no passado.
O delegado titular do Demacro (responsável pela região metropolitana), Marcos Carneiro, relatou que houve premeditação, mas não disse se o planejamento se refere ao assassinato ou à tentativa de sequestro.
Nunes afirmou ter comprado uma arma na periferia de São Paulo após conseguir dinheiro vendendo maconha na Vila Madalena (zona oeste).
O pai do rapaz, Carlos Grecchi Nunes, disse ontem à TV Globo que o filho não pode responder pelas mortes, já que apresenta transtornos psicológicos desde que passou a frequentar a igreja Céu de Maria, fundada por Glauco.
Ele diz que pediu a ajuda do cartunista. "[Falei:] "Não dá mais o chá". O Glauco falou para a gente ficar tranquilo."
Em Foz do Iguaçu, a Polícia Federal disse ontem que o exame toxicológico de Nunes (referente ao período de 11 a 15 de março) deu positivo para maconha e negativo para anfetaminas, cocaína ou crack.

Novo comando
Desde ontem, a investigação do caso é chefiada por Carneiro, que deve vistoriar o trabalho iniciado por Archimedes Junior. A Folha apurou que a troca ocorreu porque, mesmo sabendo quem era o principal suspeito e tendo seus dados de telefone celular, o delegado não conseguiu prendê-lo.


Colaboraram ALEXANDRE PALMAR e GRACILIANO ROCHA


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