São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
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AVIAÇÃO
Uma das hipóteses é cobrar pelas bebidas alcoólicas servidas nos aviões
Brasil espera decisão mundial antes de regular álcool em vôo

ALESSANDRA BLANCO
da Reportagem Local

A decisão sobre a proibição do consumo de álcool em aviões ou a venda de bebidas com intuito de reduzir o consumo durante os vôos ainda pode levar anos e só deverá ser tomada após uma decisão internacional sobre o assunto.
A informação é de Ronaldo Jenkins, coordenador da Comissão de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas.
Jenkins foi o representante do sindicato na reunião em que o assunto foi debatido, ocorrida no início do mês. O encontro reuniu ainda DAC (Departamento de Aviação Civil), Polícia Federal, Infraero, 19 empresas aéreas e um membro da Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea Internacional, órgão do Ministério da Aeronáutica responsável por acordos de aviação com outros países.
Uma dose de uísque a 8.000 pés de altura (cerca de 2.400 metros) provoca efeito equivalente a três doses no nível do mar. Desde que o fumo foi proibido nos vôos, o consumo de bebidas alcoólicas aumentou e, com ele, o número de "passageiros inconvenientes".
São considerados inconvenientes aqueles que apresentam comportamento agressivo, autoritário e fazem investidas sexuais contra comissários de bordo.
A recomendação para limitar o álcool dentro de aviões partiu da Organização Internacional de Aviação Civil, que serve como referência para 190 países.
Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo, que reúne as maiores empresas do mundo, desde 1995, houve um aumento de 400% no número de casos envolvendo "passageiros inconvenientes", o que leva a 2.000 casos por ano no mundo.
O Comitê de Aviação do Senado dos EUA começou a ouvir em 98 testemunhos de comissárias agredidas por passageiros. Só em 97, foram 921 incidentes, sendo 207 agressões físicas. Uma comissária chegou a ter a bacia quebrada, outra foi espancada e quase jogada pela porta de compartimento.
No Brasil, não há estatísticas, mas, segundo o Sindicato Nacional de Empresas Aéreas (Snea), 0,1% dos passageiros apresentam comportamento inconveniente. Destes, 60% têm relação com álcool.
Na primeira reunião foram levantadas três sugestões: a proibição total do consumo durante vôos, a limitação a um ou dois copos por passageiro e a cobrança da bebida.
"A limitação é complicada. Além de ser agressiva, é difícil de controlar porque o passageiro ao lado pode pegar um copo e passar para o seu vizinho", disse Jenkins.
Cobrar pela bebida -como já fazem algumas empresas nos EUA- seria a alternativa mais plausível. Mas, segundo Jenkins, o Brasil deverá aguardar orientações de órgãos internacionais e não tomará uma decisão sozinho, por isso, é um processo demorado.


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