São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
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Promotor foi sócio de filho de bicheiro

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

O promotor José Carlos Blat, um dos responsáveis pela investigação da máfia dos fiscais, admitiu ontem que foi sócio de um bar com um dos filhos do maior banqueiro do jogo do bicho em São Paulo, Ivo Noal, mas que a investigação do caso não passará por nenhuma alteração.
A informação faz parte de um dossiê que está sendo preparado nos gabinetes de vereadores acusados de envolvimento com o esquema de propinas nas administrações regionais.
O delegado Romeu Tuma Filho também está sendo investigado pelos acusados de integrar a máfia.
Blat foi sócio de Ivo Noal Filho, o Ivinho, durante sete meses de 1987, cinco anos antes de se formar em direito pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) e seis antes de ingressar no Ministério Público.
A firma se chamava Miami Free Shop Comércio Ltda. e funcionava na rua Miami, no Brooklin, zona sul de São Paulo.
"Meu pai, que tinha um restaurante ali perto na época, me colocou na sociedade. Eu trabalhava para ele, pois estava com dificuldades de pagar a faculdade e havia trancado o curso de direito", disse o promotor.
Segundo o promotor, na época, o filho do banqueiro do bicho não tinha o nome envolvido com as investigações sobre a contravenção.
"Eu odeio jogo e nunca vi o Ivinho fazer apostas na frente do meu pai", disse Blat.
O promotor disse que já esperava vir "chumbo grosso" por parte dos acusados.
"Foi uma atitude covarde, um jogo odioso. Eles são porcos que chafurdam na lama. Em hipótese alguma eu deixo as investigações", afirmou Blat.
Anteontem, quando foi informado que parte do dossiê com a informação viria à tona, Blat comunicou o procurador-geral do Estado, Luiz Antonio Marrey, que ontem afirmou que o fato não desabona a conduta do promotor.
"Todo o histórico dele é de absoluta seriedade. Não tenho nenhuma razão para perder a confiança nele. De jeito nenhum vamos ceder à chantagem da imundície", disse Marrey.


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