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INCÊNDIO
Vítimas reclamam de abrigo
Em SP, fogo desaloja 350 pessoas em favela
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um incêndio na manhã de ontem na favela do Jardim Edith, zona sul de São Paulo, deixou pelo
menos 350 pessoas desabrigadas.
Não houve feridos. A favela fica
em uma área nobre de São Paulo,
entre as avenidas Engenheiro
Luiz Carlos Berrini e Jornalista
Roberto Marinho, e a suspeita é
que um curto-circuito em um
poste de luz tenha causado o fogo.
Moradores que perderam tudo
abordaram, aos prantos, o prefeito José Serra (PSDB), que esteve
no local no fim da tarde.
"Não fica assim, não fica desesperada, viu?", disse Serra a uma
mulher com filhos de 3 e 4 anos
que disse ter perdido tudo.
A prefeitura não concordou
com o pedido dos moradores de
serem alojados temporariamente
em uma escola ou em uma praça
próxima à favela. Ofereceu um
abrigo a cerca de 2 km do local.
Ontem já havia começado o cadastramento de famílias por funcionários da administração, mas
moradores recusavam-se a sair.
Segundo Serra, haverá ônibus
para levar as crianças às escolas. A
prefeitura também anunciou
uma antecipação do pagamento
do Renda Mínima para moradores que já fazem parte do programa e estão desabrigados e o início
do cadastramento dos demais.
O prefeito disse ainda que "em
alguns meses", moradores que
quiserem poderão ir para prédios
da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) na zona leste.
Lucy dos Santos Diogo, 40, presidente da Associação Clube de
Mães da Berrini, uma entidade
comunitária da favela, disse que
os moradores temem ficar para
sempre em um abrigo, como afirma já ter acontecido com pessoas
de outras favelas. "Também não é
viável ficar a 2 km daqui. Como
dar assistência a essas pessoas? E
abrigo eu conheço, começa com
2, 3 dias e se bobear são 40 anos",
afirmou Diogo, que disse ser filiada ao PSDB. "Precisamos de moradia digna. É urgente. Já são 19
focos de incêndio, várias tragédias", afirmou a Serra.
Até o início da noite, os desabrigados eram alimentados por doações de vizinhos, supermercados,
igrejas. Apenas colchões enviados
pela prefeitura tinham chegado,
disseram. Na região, cerca de
8.000 vivem em favelas.
Futuro
Segundo o subprefeito de Pinheiros, Antonio Marsiglia Netto,
a administração quer retirar as favelas do local, mas ainda não há
projeto fechado. A idéia de verticalizar as favelas do local, da gestão Marta Suplicy (PT), está descartada, afirmou.
"Aqui tem operação urbana e
todo mundo vem achando que
vai ganhar apartamento", afirmou Serra sobre a favela.
As operações urbanas são programas de desenvolvimento de
determinadas regiões em que a
prefeitura faz investimentos, como obras, e implementa mecanismos para revitalizar o entorno
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