São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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INCÊNDIO

Vítimas reclamam de abrigo

Em SP, fogo desaloja 350 pessoas em favela

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um incêndio na manhã de ontem na favela do Jardim Edith, zona sul de São Paulo, deixou pelo menos 350 pessoas desabrigadas. Não houve feridos. A favela fica em uma área nobre de São Paulo, entre as avenidas Engenheiro Luiz Carlos Berrini e Jornalista Roberto Marinho, e a suspeita é que um curto-circuito em um poste de luz tenha causado o fogo.
Moradores que perderam tudo abordaram, aos prantos, o prefeito José Serra (PSDB), que esteve no local no fim da tarde.
"Não fica assim, não fica desesperada, viu?", disse Serra a uma mulher com filhos de 3 e 4 anos que disse ter perdido tudo.
A prefeitura não concordou com o pedido dos moradores de serem alojados temporariamente em uma escola ou em uma praça próxima à favela. Ofereceu um abrigo a cerca de 2 km do local. Ontem já havia começado o cadastramento de famílias por funcionários da administração, mas moradores recusavam-se a sair.
Segundo Serra, haverá ônibus para levar as crianças às escolas. A prefeitura também anunciou uma antecipação do pagamento do Renda Mínima para moradores que já fazem parte do programa e estão desabrigados e o início do cadastramento dos demais.
O prefeito disse ainda que "em alguns meses", moradores que quiserem poderão ir para prédios da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) na zona leste.
Lucy dos Santos Diogo, 40, presidente da Associação Clube de Mães da Berrini, uma entidade comunitária da favela, disse que os moradores temem ficar para sempre em um abrigo, como afirma já ter acontecido com pessoas de outras favelas. "Também não é viável ficar a 2 km daqui. Como dar assistência a essas pessoas? E abrigo eu conheço, começa com 2, 3 dias e se bobear são 40 anos", afirmou Diogo, que disse ser filiada ao PSDB. "Precisamos de moradia digna. É urgente. Já são 19 focos de incêndio, várias tragédias", afirmou a Serra.
Até o início da noite, os desabrigados eram alimentados por doações de vizinhos, supermercados, igrejas. Apenas colchões enviados pela prefeitura tinham chegado, disseram. Na região, cerca de 8.000 vivem em favelas.

Futuro
Segundo o subprefeito de Pinheiros, Antonio Marsiglia Netto, a administração quer retirar as favelas do local, mas ainda não há projeto fechado. A idéia de verticalizar as favelas do local, da gestão Marta Suplicy (PT), está descartada, afirmou.
"Aqui tem operação urbana e todo mundo vem achando que vai ganhar apartamento", afirmou Serra sobre a favela.
As operações urbanas são programas de desenvolvimento de determinadas regiões em que a prefeitura faz investimentos, como obras, e implementa mecanismos para revitalizar o entorno

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