|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
URBANISMO
Exigências para que comércio seja aprovado incluem alargamento de via, novo acesso ao Minhocão e troca de iluminação
Hipermercado na Augusta mudará ruas
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de construir um hipermercado em um terreno na
rua Augusta só será aprovado
após uma série de mudanças na
região. As exigências incluem
alargar a rua Marquês de Paranaguá, melhorar a iluminação, criar
guias rebaixadas para deficientes
e corrigir a trajetória de um dos
acessos ao Minhocão, no cruzamento com a própria Augusta.
O terreno fica entre as ruas Marquês de Paranaguá e Caio Prado,
próximo à rua da Consolação
(centro de São Paulo), e hoje é utilizado como estacionamento.
Essas são as principais exigências da Secretaria Municipal dos
Transportes para liberar a obra.
Mas não será suficiente para agradar a uma parte dos moradores
da região, que se declaram insatisfeitos com o total que será mantido como parque -eles queriam
que todo o terreno fosse transformado em área verde pública.
O terreno tem 23.851 m2. A proposta é que 9.916 m2 virem parque
público, com árvores centenárias,
com até 27 m de altura, e bens
tombados. O comércio atrairá,
nos horários de pico (19h às 22h),
cerca de 300 veículos/hora. O nome do hipermercado não foi divulgado pelos autores do projeto.
Por ser um pólo gerador de tráfego, a iniciativa terá de oferecer
pelo menos 445 vagas para carros,
além de nove só para deficientes.
O arquiteto Eduardo Laterza, que
trabalhou no projeto, disse que o
comércio terá 500 vagas. Laterza
disse que, se fosse usado todo o
potencial construtivo do terreno
-limite de ocupação-, poderiam ser feitas torres com 1.200
apartamentos de 100 m2.
O empreendimento, chamado
Parque dos Pássaros, é do empresário Armando Conde, da família
que controlava o extinto BCN.
O projeto deve consumir R$ 30
milhões -R$ 25 milhões no mercado, que terá lojas no térreo, e o
restante no parque, em um espaço cultural de 1.500 m2, no sistema
viário e em compensações ambientais. As obras durarão oito
meses a partir de sua aprovação.
O arquiteto e urbanista Candido
Malta Filho, que participou da
elaboração do projeto, disse que
os fundos da loja terão um caixilho de vidro de 30 m x 8 m. "As
pessoas que estiverem na loja poderão ver o maciço verde", diz. O
projeto prevê um pequeno lago e
um anfiteatro na área verde.
Candido Malta, professor de
planejamento urbano da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(FAU/USP), dirige o Movimento
Defenda São Paulo e preside a Sajep (Sociedade Amigos dos Jardins Europa e Paulistano). Integra
o conselho da Emurb (Empresa
Municipal de Urbanização).
Má conservação
Enquanto a decisão não sai, o
local tem má conservação. Na semana passada, a Folha encontrou
sacos de lixo em meio às árvores.
Mas a caminhada pela área permite encontrar diversos pássaros,
entre eles o sabiá-laranjeira.
Para o ambientalista Carlos Bocuhy, do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), a
manutenção do parque é importante para manter o clima da região e conservar um ponto de repouso para os pássaros no centro.
Todo ano, gaviões peregrinos vindos do Alasca são vistos no local.
Mas associações de moradores e
síndicos de prédios da região pediram, em abaixo-assinado com
3.000 adesões enviado à Secretaria
do Verde e do Meio Ambiente,
que o parque ocupe todo o local.
"Nossa região é amplamente
abastecida, não precisamos de
mercado. Necessitamos de mais
verde", disse a síndica Marianne
Lara Gaspar. "Um parque interessa não só à região, mas a todo o
município", disse a presidente da
Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro Cerqueira César/Jardins (Samorcc), Célia Marcondes.
Segundo ela, o comércio da Augusta será engolido pelo mercado.
De acordo com Malta, o estabelecimento causará menos impacto que um conjunto de prédios,
que necessitariam de muito mais
vagas de estacionamento e atrapalhariam mais o trânsito. "Além
disso, o hipermercado tem pico
de movimento diferente do pico
de congestionamento na cidade."
Texto Anterior: Segurança: Senador é rendido e assaltado dentro de casa Próximo Texto: História: Colégio católico para moças ocupou terreno até 1974 Índice
|