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CASO DINIZ
Familiares de presos acusam presidente de negar liberdade aos sequestradores por causa do projeto de reeleição
FHC defende uma farsa, dizem chilenas
MARTA SALOMON
enviada especial a Santiago
Familiares dos sequestradores
chilenos do empresário Abílio Diniz atribuíram ontem ao projeto
de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso a resistência
do governo brasileiro em conceder a liberdade aos presos estrangeiros. Mães de três dos cinco chilenos completaram ontem dois
dias em greve de fome.
"O Fernando Henrique está dizendo que está de mãos atadas
porque está pensando na sua reeleição", disse Nora Lembach, mãe
de Pedro Lembach, recebida ontem pelo embaixador do Brasil no
Chile. Gilberto Velloso mais uma
vez descartou a possibilidade de
expulsão dos presos, que lhes garantiria liberdade imediata.
Em uma pequena manifestação
promovida em frente à embaixada
brasileira em Santiago, os familiares divulgaram ontem um comunicado em que classificam os cinco sequestradores chilenos de presos políticos -uma alegação rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O texto diz que seus filhos foram
"selvagemente torturados pelos
serviços de segurança brasileiros e
submetidos a julgamentos arbitrários e a condenações desproporcionais".
Margarida Marchi, irmã de Maria Emília (outra das chilenas presas), também estava na manifestação e fez críticas pessoais a FHC.
Ela alega, com base nas declarações do presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA)
que o Congresso Nacional não
aprovará nenhum acordo de
transferência de presos com o Chile. ACM tem se declarado contra o
tratado de liberação de presos.
"Esse acordo não depende do
Fernando Henrique e sim dos parlamentares. Para não ter problemas em sua carreira eleitoral, o
presidente está defendendo uma
farsa", disse.
Marchi cobrou de FHC o que
chamou de "enorme dívida de solidariedade" com o Chile, já que o
presidente se exilou voluntariamente no país durante parte do regime militar.
Depois que os governos do Brasil
e Chile chegarem a uma proposta
comum de tratado de transferência de presos, o texto terá de ser
submetido aos parlamentos dos
dois países.
O chanceler chileno, Miguel Insulza, disse ontem que FHC enfrenta "problemas internos" para
expulsar os presos, mas apostou
no avanço das negociações. Como
os chilenos querem o poder de
anistiar os presos depois da transferência, a avaliação do governo
brasileiro é que as negociações vão
demorar.
A manifestação mais forte no
Chile contra a recusa do governo
brasileiro em expulsar os sequestradores de Diniz é promovida por
três mães em greve de fome.
A mãe de Sergio Urtubia, Eliana,
de 75 anos, passou mal ontem.
"Vou morrer e a culpa será do
Fernando Henrique", disse.
Acompanham Eliana na greve de
fome na Casa de Direitos Humanos no Chile: Maria Acevedo, de
72 anos, mãe de Ulises Gallardo, e
Marta Montiero, mãe de Héctor
Ramón Tapia.
O embaixador Gilberto Velloso
recebeu um pedido de audiência
das mães com Fernando Henrique
Cardoso, mas disse que o encontro não poderá ocorrer no período
em que o presidente estiver no
Chile participando da 2ª Cúpula
das Américas.
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