São Paulo, sábado, 18 de abril de 1998

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Piora saúde de sequestradores

MALU GASPAR
da Reportagem Local

O estado de saúde dos sequestradores do empresário Abílio Diniz, em greve de fome desde segunda-feira, piorou ontem.
Segundo o diretor de saúde do sistema penitenciário de São Paulo, Paulo César Sampaio, a pressão arterial deles, exceto a do argentino Humberto Paz, hipertenso, baixou, e os batimentos cardíacos diminuíram.
A chilena Maria Emília Marchi ainda é a paciente que causa mais preocupação. Ela urinou sangue e apresenta hipoglicemia, outra reação comum nos sequestradores.
Hipoglicemia, a queda da taxa de glicose no sangue, causa dores de cabeça, sudorese (suor intenso) e pode levar a complicações mais sérias, como a perda de consciência. A evolução de um quadro de hipoglicemia pode levar à morte.
A saúde da canadense Christine Lamont também preocupa o médico. Ontem, pelo segundo dia, ela teve dores lombares.
Entre os homens, Sampaio afirmou que o paciente que causa mais preocupação é o canadense David Spencer, apesar de não ser o que tem as reações mais evidentes. "Ele tem 56 kg e é, visivelmente, o mais fraco", disse. Spencer é também o que mais perdeu peso até agora -3,2 kg.
Entre os homens, que até agora estavam bem, segundo o médico, começaram também a aparecer consequências da greve de fome.
O chileno Sergio Urtubia vomitou, o também chileno Héctor Ramón teve dores lombares e Pedro Lembach, dores de cabeça.
Ética
O médico dos sequestradores já começou a se preocupar com o que fazer caso que tenha de começar a ministrar medicamentos ou alimentação aos sequestradores pela veia.
Ele disse que pedirá orientação ao CRM (Conselho Regional de Medicina) e à Justiça sobre o que fazer nesses casos.
"Estou preocupado, pois tenho de respeitá-los, mas não posso deixá-los morrer", disse o médico.
Segundo o presidente do CRM, Pedro Paulo Monteleone, é justamente isso o que recomenda o código de ética médica -que o médico respeite a vontade do paciente que deseja fazer greve de fome, mas forneça o tratamento necessário em caso de perigo de vida.
Ontem, os sequestradores divulgaram o comunicado de número seis, dizendo que estão dispostos a morrer se sua reivindicação, de expulsar os estrangeiros e indultar o brasileiro, não for atendida.



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