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SAÚDE
Droga à base de plantas ainda não é vendida no Brasil
Luta contra celulite
ganha pílula italiana
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
Seguindo a febre do Viagra e do
Xenical, a mais nova mania -desta vez apenas entre o sexo feminino- é a pílula anticelulite Cellasene, que está chegando para entupir
ainda mais o mercado das promessas milagrosas no combate à inimiga número um das mulheres.
A pílula, lançada por uma fábrica
de cosméticos italiana em setembro passado, ainda não é comercializada no Brasil, porque não há
registro no Ministério da Saúde.
Mas muitas mulheres já estão desembolsando mais de R$ 100 para
mandar buscar no exterior uma
caixa para um mês.
Outros 12 países, entre eles EUA,
Canadá, Austrália e França, já estão vendendo o remédio. De acordo com a fábrica Medestea Internazionale, de Turim, na Itália, de
outubro até abril foram vendidos 5
milhões de caixas de comprimidos.
O Cellasene é um medicamento à
base de plantas medicinais -gingko biloba, centelha asiática, cavalinha e sementes de uva secas, entre
outras- que supostamente teriam efeito contra a celulite.
Especialistas ouvidos pela Folha
dizem desconhecer esses efeitos.
"Não há comprovação científica
alguma sobre os benefícios dessas
ervas no combate à celulite, assim
como de nenhum outro método.
Celulite é uma doença que não tem
cura", diz a dermatologista Lilian
Ota, consultora de beleza do Universo Online.
Segundo ela, apesar de os ingredientes já serem conhecidos e não
significarem riscos à saúde, é preciso tomar cuidados. Ela recomenda que quem quiser experimentar
a pílula procure acompanhamento
médico.
"Algumas pessoas podem ter
alergia aos ingredientes. Além disso, é preciso saber a dose certa, já
que o excesso de algumas substâncias, mesmo que naturais, pode ser
prejudicial."
Os mitos
Muitas mulheres gastam fortunas testando métodos de combate
à celulite que cada vez mais crescem e se sofisticam em clínicas de
estética do país.
Entre cremes, bandagens, choques elétricos, injeções, banhos de
luz, a estudante Carolina Ferreira
Garcia, 21, diz que já experimentou
todos.
"É neurose, tudo que sai eu testo", diz. Neurose mesmo, já que,
como ela mesmo diz, não tem
"quase nada de celulite".
Carolina está tomando Cellasene
há 15 dias. "Vi a propaganda na TV
e dei um jeito de importar." Ela
gastou R$ 600 com quatro caixas
da droga, para oito semanas, e diz
que ainda é cedo para ver resultados.
Quanto aos outros métodos, Carolina desanima. "Acho que só ginástica ajuda."
De acordo com dermatologistas,
Carolina está certa. Para prevenir
ou até mesmo atenuar a celulite, há
três medidas a serem tomadas: evitar alimentos que contêm açúcar e
gordura, fazer atividades físicas e
massagear diariamente os locais
afetados.
"A massagem ativa a circulação,
causando o mesmo efeito que
qualquer uma dessas técnicas", diz
Lilian.
A dermatologista Luciane Scattone afirma que essas técnicas têm
efeito efêmero, melhorando o aspecto da pele durante algum tempo. "Mas não cura a celulite."
Segundo Maurício de Maio, responsável pelo setor de medicina
estética da cirurgia plástica do
Hospital das Clínicas de São Paulo,
há indícios de que o conjunto de
algumas dessas técnicas utilizadas
atualmente diminuam a celulite.
Ele é responsável por um estudo
que está sendo desenvolvido no
HC para testar a validação de métodos químicos, elétricos, manuais, de drenagem e cremes tópicos contra celulite.
Maio reforça, no entanto, que os
estudos ainda não são conclusivos.
"Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa." Ele não quis comentar
sobre a nova pílula, já que não chegou a usá-la em seus estudos.
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