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Médicos já receitam remédio
às pacientes
da Reportagem Local
Apesar da falta de evidências
científicas que comprovem a eficácia do medicamento, já há médicos
brasileiros receitando Cellasene
para suas pacientes.
A dermatologista Áurea Aparecida Lopes é uma delas. Ela recebeu
informações sobre o medicamento
por meio de correspondências enviadas por importadoras.
Áurea diz que acredita na ação
das plantas medicinais e já receitava algumas delas, como gingko biloba, para ativar a circulação sanguínea.
"Digo aos meus pacientes que este é um produto novo cujos efeitos
não são muito conhecidos. Não escondo o fato de não ser reconhecido cientificamente", conta ela.
"Mas sabemos que não há efeitos
colaterais."
Áurea, no entanto, informa às
pacientes que qualquer tratamento contra celulite é apenas um
coadjuvante para atenuar o problema. "Sem dieta e exercícios, nada adianta."
Segundo ela, o pedido costuma
partir das próprias pacientes, que
vêem propaganda do produto e
querem uma receita.
Várias importadoras estão intermediando a compra para mulheres brasileiras.
Uma delas, que pediu para não
ser identificada, tem mais de 50
mulheres na fila de espera e informou que há dificuldades para trazer o produto, porque a produção
está esgotada no momento.
A clínica de estética Care Center,
de São Paulo, também está intermediando a compra da pílula.
"Como o produto não tem registro
no Ministério da Saúde, pedimos
para a distribuidora, de Miami
(EUA), enviar por correio para a
casa das clientes", conta o proprietário, Cyril Rothschild.
Ele diz que vende cerca de 100
caixas por semana -cada uma sai
ao consumidor por US$ 70.
O próprio criador do Cellasene, o
químico italiano Gianfranco Merizzi, se defende com unhas e dentes dos médicos que negam os efeitos positivos da pílula.
"Eles não conhecem os testes que
realizamos durante seis anos em
conjunto com a Universidade de
Pavia antes de colocá-la no mercado", diz.
Segundo ele, seus extratos são
muito mais concentrados e ativos
do que os disponíveis no mercado
internacional.
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde informou
que não chegou ao órgão nenhum
pedido de registro do medicamento.
Silas Gouveia, diretor da divisão
de medicamentos da Vigilância
Sanitária, disse que, para ser aprovado, o produto será submetido a
uma série de análises que podem
demorar vários meses para serem
concluídas.
Segundo ele, algumas ervas, como gingko biloba e centelha asiática, já têm registro no ministério.
"Mas não conhecemos os efeitos
dessas ervas se ingeridas juntas",
diz Gouveia. A comercialização da
pílula, portanto, é ilegal no país. "O
problema é que não temos controle sobre os que burlam a lei."
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