São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

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TERROR DOS PAULISTAS

Cidade teve 5 dos 15 casos do ano no interior; duas mães de jogadores de futebol já foram libertadas

Seqüestros tornam Campinas ponto crítico

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

O combate ao seqüestro em Campinas (a 95 quilômetros de São Paulo) tornou-se prioridade para a Polícia Civil. O município é considerado o mais problemático -concentra 5 dos 15 seqüestros que já foram registrados no interior neste ano.
Para o diretor do Deic (Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado), delegado Godofredo Bittencourt, não há dúvidas de que seqüestradores que atuam em São Paulo passaram a agir também no interior. "Um exemplo é o Bin Laden [Célio Marcelo da Silva]. Temos informações de que ele seqüestrou pessoas em São Paulo, Santos, Campinas e, recentemente, foi reconhecido em um seqüestro em São José do Rio Preto", disse.
De acordo com o delegado, não foi registrada uma elevação no número de seqüestros no município em relação ao mesmo período do ano passado. "O que houve foram casos pontuais [os seqüestros de mães de jogadores de futebol, por exemplo]."

Estrangeiros
Entre os seqüestradores investigados pela polícia de Campinas está um argentino com mais de duas décadas de experiência nesse tipo de crime.
A Polícia Civil suspeita que ele possa estar envolvido no seqüestro do empresário Wilson Magario, de 51 anos, que escapou do cativeiro anteontem, depois de 50 dias. Duas pessoas que tomavam conta do local foram presas.
De acordo com a DAS (Divisão Anti-Seqüestro), o argentino chama-se Alberto Galvariza. O suspeito, segundo a polícia, participou de seqüestros no Brasil na década de 80 e está foragido.
O indício levantado pela polícia que leva ao nome do suspeito é uma carta postada na Argentina encaminhada à família do empresário durante o seqüestro.
Além do empresário, outra vítima de seqüestro em Campinas escapou do cativeiro no último final de semana. A estudante Luana Carolina Silva Sales, 21, fugiu de uma chácara no Vale das Garças.
Ela foi atacada por dois homens quando estava no seu Astra próximo ao estádio Brinco de Ouro da Princesa, do Guarani.
No cativeiro, os criminosos a amarraram com fita adesiva. Em um instante de distração dos seqüestradores, a estudante se soltou e fugiu. Ela pediu ajuda para uma vizinha, que chamou a polícia. Ninguém foi preso.

Mães de jogadores
Entre as pessoas seqüestradas neste ano no município de Campinas estão as mães de dois jogadores que atuam no futebol português, Rogério, do Sporting de Lisboa, e Luis Fabiano, do Porto.
A Deas (Delegacia Especializada Anti-Seqüestro) de Campinas investiga a possibilidade de a mesma quadrilha ter atuado nos seqüestros das duas mulheres.
Um dos principais focos da investigação é o seqüestrador André Luiz Ramos, o Barba, acusado de envolvimento no seqüestro da mãe do jogador Rogério, Inês Fidélis Régis. Ela foi libertada em Caraguatatuba (litoral norte de SP), em março, após passar quase quatro dias em cativeiro. Na ocasião, Barba chegou a trocar tiros com policiais, mas fugiu.
Para a polícia, existem evidências de que a quadrilha da qual Barba faz parte teria levado também a mãe do jogador Luis Fabiano, Sandra Helena Clemente, que foi resgatada na última quinta, na região de Sorocaba (SP), depois de 62 dias de cativeiro.
Nos dois casos, os seqüestros terminaram sem o pagamento do resgate. Os delegados do Deas vão confrontar os depoimentos das duas mães de jogadores para detectar ligações entre o modo de operação da quadrilha.
A quadrilha exigiria ainda que as mães escrevessem um carta para a família pedindo que fosse pago o resgate, segundo a polícia.
Além de Barba, o Deas já identificou outros dois integrantes da quadrilha, entre eles, o homem que fazia a guarda da mãe de Luis Fabiano no cativeiro e conseguiu fugir. A polícia tem informações ainda de que a quadrilha terceirizou as ações nos seqüestros.
Além de Campinas, a polícia também vai priorizar o trabalho em Santos. Na região, foram registrados dois casos neste ano.
(ALEXANDRE HISAYASU E MAURÍCIO SIMIONATO)


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