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TERROR DOS PAULISTAS
Cidade teve 5 dos 15 casos do ano no interior; duas mães de jogadores de futebol já foram libertadas
Seqüestros tornam Campinas ponto crítico
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
O combate ao seqüestro em
Campinas (a 95 quilômetros de
São Paulo) tornou-se prioridade
para a Polícia Civil. O município é
considerado o mais problemático
-concentra 5 dos 15 seqüestros
que já foram registrados no interior neste ano.
Para o diretor do Deic (Departamento de Investigação sobre o
Crime Organizado), delegado Godofredo Bittencourt, não há dúvidas de que seqüestradores que
atuam em São Paulo passaram a
agir também no interior. "Um
exemplo é o Bin Laden [Célio
Marcelo da Silva]. Temos informações de que ele seqüestrou pessoas em São Paulo, Santos, Campinas e, recentemente, foi reconhecido em um seqüestro em São
José do Rio Preto", disse.
De acordo com o delegado, não
foi registrada uma elevação no
número de seqüestros no município em relação ao mesmo período
do ano passado. "O que houve foram casos pontuais [os seqüestros
de mães de jogadores de futebol,
por exemplo]."
Estrangeiros
Entre os seqüestradores investigados pela polícia de Campinas
está um argentino com mais de
duas décadas de experiência nesse tipo de crime.
A Polícia Civil suspeita que ele
possa estar envolvido no seqüestro do empresário Wilson Magario, de 51 anos, que escapou do cativeiro anteontem, depois de 50
dias. Duas pessoas que tomavam
conta do local foram presas.
De acordo com a DAS (Divisão
Anti-Seqüestro), o argentino chama-se Alberto Galvariza. O suspeito, segundo a polícia, participou de seqüestros no Brasil na década de 80 e está foragido.
O indício levantado pela polícia
que leva ao nome do suspeito é
uma carta postada na Argentina
encaminhada à família do empresário durante o seqüestro.
Além do empresário, outra vítima de seqüestro em Campinas escapou do cativeiro no último final
de semana. A estudante Luana
Carolina Silva Sales, 21, fugiu de
uma chácara no Vale das Garças.
Ela foi atacada por dois homens
quando estava no seu Astra próximo ao estádio Brinco de Ouro da
Princesa, do Guarani.
No cativeiro, os criminosos a
amarraram com fita adesiva. Em
um instante de distração dos seqüestradores, a estudante se soltou e fugiu. Ela pediu ajuda para
uma vizinha, que chamou a polícia. Ninguém foi preso.
Mães de jogadores
Entre as pessoas seqüestradas
neste ano no município de Campinas estão as mães de dois jogadores que atuam no futebol português, Rogério, do Sporting de
Lisboa, e Luis Fabiano, do Porto.
A Deas (Delegacia Especializada
Anti-Seqüestro) de Campinas investiga a possibilidade de a mesma quadrilha ter atuado nos seqüestros das duas mulheres.
Um dos principais focos da investigação é o seqüestrador André Luiz Ramos, o Barba, acusado
de envolvimento no seqüestro da
mãe do jogador Rogério, Inês Fidélis Régis. Ela foi libertada em
Caraguatatuba (litoral norte de
SP), em março, após passar quase
quatro dias em cativeiro. Na ocasião, Barba chegou a trocar tiros
com policiais, mas fugiu.
Para a polícia, existem evidências de que a quadrilha da qual
Barba faz parte teria levado também a mãe do jogador Luis Fabiano, Sandra Helena Clemente, que
foi resgatada na última quinta, na
região de Sorocaba (SP), depois
de 62 dias de cativeiro.
Nos dois casos, os seqüestros
terminaram sem o pagamento do
resgate. Os delegados do Deas vão
confrontar os depoimentos das
duas mães de jogadores para detectar ligações entre o modo de
operação da quadrilha.
A quadrilha exigiria ainda que
as mães escrevessem um carta para a família pedindo que fosse pago o resgate, segundo a polícia.
Além de Barba, o Deas já identificou outros dois integrantes da
quadrilha, entre eles, o homem
que fazia a guarda da mãe de Luis
Fabiano no cativeiro e conseguiu
fugir. A polícia tem informações
ainda de que a quadrilha terceirizou as ações nos seqüestros.
Além de Campinas, a polícia
também vai priorizar o trabalho
em Santos. Na região, foram registrados dois casos neste ano.
(ALEXANDRE HISAYASU E MAURÍCIO SIMIONATO)
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