|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POPULAÇÃO
5 dos 9 municípios com maiores taxas de homicídio estão entre os 69 em que a população mais cresceu no Estado
Cidade violenta cresce mais que média de SP
DA REDAÇÃO
DA FOLHA ONLINE
Enquanto o crescimento populacional do Estado de São Paulo
desacelera, os municípios com
maior índice de homicídios estão
entre os que mais crescem. A análise foi feita pela Folha com base
nos números divulgados ontem
pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
Os nove líderes do ranking de
homicídios dolosos da Secretaria
de Segurança Pública apresentaram entre 2000 e 2005 crescimento anual superior à média do Estado, de 1,6%. Cinco estão entre as
69 com as maiores taxas, com índices anuais superiores a 3%.
Vivem hoje 39.949.487 pessoas
no Estado, segundo a pesquisa. O
número deve chegar a 40 milhões
no próximo 30 de julho, de acordo com a projeção da fundação. O
ritmo de crescimento, porém, é
menor a cada análise: passou de
3,6% ao ano -o pico, verificado
na década de 1950- para 1,6%,
taxa pouco superior ao 1,4% registrado anualmente no país.
A regra é quebrada pelas cidades que cercam as três metrópoles
do Estado e que superam a média.
Na de Santos, Bertioga, a cidade
que mais cresce (8,4% ao ano),
atribui o crescimento à explosão
imobiliária. Nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas,
o incremento coincide com o registro de altas taxas de violência.
É o caso de Hortolândia e Itapecerica da Serra, com taxas de crescimento anuais de 3,94% e 4,69%.
Hortolândia (região de Campinas) ficou em segundo lugar no
ranking da Secretaria da Segurança Pública que analisa os dados de
homicídios dolosos -a taxa foi
de 44,61 mortes no ano passado a
cada 100 mil habitantes. Foi o segundo ano em que o município figurou na lista, depois de aparecer
em terceiro no ano anterior.
Já a Prefeitura de Itapecerica da
Serra (Grande São Paulo), líder do
ranking em 2003, quando registrou 58,69 homicídios por 100 mil
moradores, vê a população aumentar justamente nas áreas em
que a ocupação é considerada
mais desordenada. "Nos bairros
clandestinos, a taxa de homicídios
é mais problemática", acredita o
prefeito Jorge Costa (PMDB).
Para a pesquisadora Tizar Aidar, do Nepo (Núcleo de Estudos
da População) da Unicamp, a violência não está localizada nesses
municípios, mas na dinâmica migratória e social das metrópoles
que essas cidades cercam. "Quem
é vitimizado pela violência são os
que moram nas áreas mais carentes e provavelmente são expulsos
de outras cidades ou das sedes de
suas regiões. É preciso ver que tipo de crescimento esses municípios tiveram", avalia.
O maior e o menor
No litoral, o crescimento acima
da média é justificado pelo Seade
pelos investimentos no setor imobiliário. "A oferta de imóveis de
alto padrão atraiu turistas que freqüentam a região nos finais de semana. Esse movimento costuma
vir acompanhado de um aumento na população residente. Trata-se das pessoas que trabalham na
construção civil e na prestação de
serviços, como restaurantes e hotéis", aponta a gerente de Indicadores e Estudos Populacionais do
Seade, Bernadete Waldvogel.
Trabalhadores que são a esperança de Borá, a cidade menos habitada no Estado, para incrementar sua população. O prefeito da
cidade, Nelson Celestino Teixeira
(PSDB), 63, quer adicionar mais
moradores com a promessa de
criar 2.000 empregos para o reduzido número de 831 moradores.
"Vamos construir 150 casas para
abrigar trabalhadores para o
plantio e a colheita da cana."
(MARCOS SERGIO SILVA, AUGUSTO ZAUPA e GABRIELA MANZINI)
Texto Anterior: Carta aberta: "É preciso contar com apoio, autonomia e motivação" Próximo Texto: Itapecerica culpa lotes clandestinos Índice
|