São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

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POPULAÇÃO

5 dos 9 municípios com maiores taxas de homicídio estão entre os 69 em que a população mais cresceu no Estado

Cidade violenta cresce mais que média de SP

DA REDAÇÃO
DA FOLHA ONLINE

Enquanto o crescimento populacional do Estado de São Paulo desacelera, os municípios com maior índice de homicídios estão entre os que mais crescem. A análise foi feita pela Folha com base nos números divulgados ontem pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
Os nove líderes do ranking de homicídios dolosos da Secretaria de Segurança Pública apresentaram entre 2000 e 2005 crescimento anual superior à média do Estado, de 1,6%. Cinco estão entre as 69 com as maiores taxas, com índices anuais superiores a 3%.
Vivem hoje 39.949.487 pessoas no Estado, segundo a pesquisa. O número deve chegar a 40 milhões no próximo 30 de julho, de acordo com a projeção da fundação. O ritmo de crescimento, porém, é menor a cada análise: passou de 3,6% ao ano -o pico, verificado na década de 1950- para 1,6%, taxa pouco superior ao 1,4% registrado anualmente no país.
A regra é quebrada pelas cidades que cercam as três metrópoles do Estado e que superam a média. Na de Santos, Bertioga, a cidade que mais cresce (8,4% ao ano), atribui o crescimento à explosão imobiliária. Nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, o incremento coincide com o registro de altas taxas de violência.
É o caso de Hortolândia e Itapecerica da Serra, com taxas de crescimento anuais de 3,94% e 4,69%. Hortolândia (região de Campinas) ficou em segundo lugar no ranking da Secretaria da Segurança Pública que analisa os dados de homicídios dolosos -a taxa foi de 44,61 mortes no ano passado a cada 100 mil habitantes. Foi o segundo ano em que o município figurou na lista, depois de aparecer em terceiro no ano anterior.
Já a Prefeitura de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), líder do ranking em 2003, quando registrou 58,69 homicídios por 100 mil moradores, vê a população aumentar justamente nas áreas em que a ocupação é considerada mais desordenada. "Nos bairros clandestinos, a taxa de homicídios é mais problemática", acredita o prefeito Jorge Costa (PMDB).
Para a pesquisadora Tizar Aidar, do Nepo (Núcleo de Estudos da População) da Unicamp, a violência não está localizada nesses municípios, mas na dinâmica migratória e social das metrópoles que essas cidades cercam. "Quem é vitimizado pela violência são os que moram nas áreas mais carentes e provavelmente são expulsos de outras cidades ou das sedes de suas regiões. É preciso ver que tipo de crescimento esses municípios tiveram", avalia.

O maior e o menor
No litoral, o crescimento acima da média é justificado pelo Seade pelos investimentos no setor imobiliário. "A oferta de imóveis de alto padrão atraiu turistas que freqüentam a região nos finais de semana. Esse movimento costuma vir acompanhado de um aumento na população residente. Trata-se das pessoas que trabalham na construção civil e na prestação de serviços, como restaurantes e hotéis", aponta a gerente de Indicadores e Estudos Populacionais do Seade, Bernadete Waldvogel.
Trabalhadores que são a esperança de Borá, a cidade menos habitada no Estado, para incrementar sua população. O prefeito da cidade, Nelson Celestino Teixeira (PSDB), 63, quer adicionar mais moradores com a promessa de criar 2.000 empregos para o reduzido número de 831 moradores. "Vamos construir 150 casas para abrigar trabalhadores para o plantio e a colheita da cana." (MARCOS SERGIO SILVA, AUGUSTO ZAUPA e GABRIELA MANZINI)


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