São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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Casos aumentam às margens do São Francisco

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A exploração sexual de crianças e adolescentes em Salgueiro (466 km de Recife) não é novidade. O problema, porém, tem se agravado nos últimos meses, com a construção, nas proximidades, de duas das maiores obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento): a transposição do rio São Francisco e a ferrovia Nova Transnordestina.
A piora no quadro tem sido notada tanto pelo Conselho Tutelar do município como pelo Creas (Centro de Referência Especializado da Assistência Social). O primeiro denuncia e aplica sanções aos exploradores; o segundo, um órgão do governo federal, atende as meninas e os meninos explorados.
O diagnóstico, por enquanto, é visual, já que, na maioria dos casos, não é feita a denúncia. "Parece que a rede de combate ainda é menos organizada que a de exploração", diz Maria do Socorro Gomes de Oliveira, do Creas de Salgueiro.
Ela afirma que, além do trabalho educativo, especialmente nas escolas, é feita uma abordagem direta às meninas nos locais de exploração, para tentar minimizar possíveis danos causados pela exploração.
Segundo o conselheiro tutelar Hugo do Nascimento Santos, não são feitas denúncias porque as famílias dos jovens explorados estão desestruturadas demais para perceber a exploração. "Os pais acabam permitindo que isso aconteça, não percebendo que tudo começa no bar, com o alcoolismo."
Os locais de exploração são bares, postos de gasolina e pousadas onde pernoitam os trabalhadores provenientes de outras cidades brasileiras.
Como o município está situado em um entroncamento de rodovias federais, que dão acesso a mais três Estados (Ceará, Bahia e Piauí), também são registrados casos de tráfico de seres humanos na mesma região.
Para Santos, mesmo indo à rua e presenciando casos de exploração, o Conselho Tutelar tem muita dificuldade de combater o crime pela ausência de uma delegacia especializada na criança e no adolescente e pelas brechas do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
"A brecha é que, no caso das meninas de 14, 15 anos, dizem que a sedução é consensual, pois não são mais crianças, e os exploradores acabam soltos, sem nada acontecer." (KF)


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