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Casos aumentam às margens do São Francisco
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
A exploração sexual de crianças e adolescentes em Salgueiro (466 km de Recife) não é novidade. O problema, porém,
tem se agravado nos últimos
meses, com a construção, nas
proximidades, de duas das
maiores obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento): a transposição do rio
São Francisco e a ferrovia Nova
Transnordestina.
A piora no quadro tem sido
notada tanto pelo Conselho
Tutelar do município como pelo Creas (Centro de Referência
Especializado da Assistência
Social). O primeiro denuncia e
aplica sanções aos exploradores; o segundo, um órgão do governo federal, atende as meninas e os meninos explorados.
O diagnóstico, por enquanto,
é visual, já que, na maioria dos
casos, não é feita a denúncia.
"Parece que a rede de combate
ainda é menos organizada que a
de exploração", diz Maria do
Socorro Gomes de Oliveira, do
Creas de Salgueiro.
Ela afirma que, além do trabalho educativo, especialmente
nas escolas, é feita uma abordagem direta às meninas nos locais de exploração, para tentar
minimizar possíveis danos causados pela exploração.
Segundo o conselheiro tutelar Hugo do Nascimento Santos, não são feitas denúncias
porque as famílias dos jovens
explorados estão desestruturadas demais para perceber a exploração. "Os pais acabam permitindo que isso aconteça, não
percebendo que tudo começa
no bar, com o alcoolismo."
Os locais de exploração são
bares, postos de gasolina e pousadas onde pernoitam os trabalhadores provenientes de outras cidades brasileiras.
Como o município está situado em um entroncamento de
rodovias federais, que dão acesso a mais três Estados (Ceará,
Bahia e Piauí), também são registrados casos de tráfico de seres humanos na mesma região.
Para Santos, mesmo indo à
rua e presenciando casos de exploração, o Conselho Tutelar
tem muita dificuldade de combater o crime pela ausência de
uma delegacia especializada na
criança e no adolescente e pelas
brechas do ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente).
"A brecha é que, no caso das
meninas de 14, 15 anos, dizem
que a sedução é consensual,
pois não são mais crianças, e os
exploradores acabam soltos,
sem nada acontecer."
(KF)
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