São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2010

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Nem reforma reduz lentidão de corredor de ônibus em SP

Maioria dos corredores passou por recapeamento, mas velocidade média na hora do rush continua aquém da meta de ao menos 18 km/h

São dez os corredores na cidade, que transportam 3,1 milhões de passageiros por dia; situação mais crítica está em vias da zona norte

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Fila de ônibus no corredor da av. Eusébio Matoso, na parada em frente ao shopping Eldorado

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

As reformas feitas pela gestão Gilberto Kassab (DEM) nos corredores de ônibus não melhoraram a vida dos passageiros em São Paulo.
Nos horários de pico, a velocidade média continua igual em quatro dos sete corredores que foram recapeados nos últimos dois anos.
Em dois deles, os ônibus estão mais lentos que em 2009. E só em um estão mais rápidos.
Há na cidade dez corredores, que transportam 3,1 milhões de passageiros por dia. Com a lentidão recorrente, em agosto de 2008 a prefeitura anunciou reformas para aumentar em 10% a velocidade média.
Mas isso ainda não ocorreu. Em média, os ônibus andam a 17,2 km. Trata-se de índice inferior ao que a própria SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na cidade) considera apropriado -18 km/h.
A pior situação está na zona norte, nos corredores Inajar-Rio Branco-Centro e no Pirituba-Lapa-Centro. Ali, o ônibus não passa de 12 km/h no pico.
Daí a preferência dos motoristas pelo carro, que anda em média a 15 km/h na cidade nos horários de maior movimento.
"O ônibus é mais prejudicado pelo congestionamento. Tem percurso fixo, não pode escapar do trânsito. O carro pode buscar um caminho alternativo", afirma o engenheiro de transportes Jaime Waisman, professor da Poli-USP. "O ônibus não tem sido atrativo em razão da baixa velocidade, do excesso de lotação, da viagem mais longa -o que explica por que tanta gente prefere automóvel."
O ideal, para ele, é que os ônibus andem a pelo menos 20 km/h nos corredores. O único a andar acima desse patamar é o Expresso Tiradentes (ex-Fura Fila), que tem faixa exclusiva -ele circula a 36 km/h.
Recapear as vias ajuda, disse Waisman, para que os ônibus não tenham de frear a cada vez que encontram um buraco.
Mas não é suficiente, alerta: faltam, por exemplo, faixas de ultrapassagem. Sem elas, os ônibus formam fila nas paradas de embarque e desembarque.
A SPTrans não respondeu à Folha sobre a lentidão nos corredores -disse que teria de analisar a situação caso a caso e que não haveria tempo hábil para fazê-lo ontem.
A empresa disse que prevê reformas ainda neste ano nos corredores Campo Limpo-Rebouças-Centro e Inajar-Rio Branco-Centro.
As obras da linha 5-lilás do metrô foram responsáveis pela queda de velocidade no corredor Itapecerica-João Dias-Santo Amaro. O fim das obras deve aliviar o problema, diz a empresa.
Em outro ponto, no corredor Santo Amaro-Nove de Julho-Centro, a empresa disse que é preciso alargar vias e eliminar um entroncamento no local. A SPTrans não falou em prazos para a obra.


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