São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2010

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Shopping Frei Caneca barra entrada de cachorros grandes e irrita donos

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não adianta balançar o rabo ou fazer cara de cachorro pidão. Desde sábado, o shopping Frei Caneca tem irritado donos ao impor um limite de altura para entrada de cães.
Raças com mais de 40 cm de altura -medidos pelo dorso- estão proibidas de entrar. Só passam, por exemplo, maltês, pinscher, yorkshire e algumas variações de poodle.
Para raiva dos donos, os seguranças são inflexíveis. Uma régua adesiva foi colada à porta para medir os bichos. E não demorou para que alguém achasse que a história fosse uma cachorrada.
"É ridículo. Os cães pequenos é que arrumam confusão, as raças maiores são mais dóceis. O tamanho do cachorro não tem nada a ver com o comportamento", diz o professor de inglês Tony Lawrence, barrado no sábado passado com a vira-lata Samba.
Quem for ao pet shop que fica no subsolo do shopping tem de dar a volta no prédio e passar pela entrada lateral do supermercado -o que tem causado mais indignação.
"Acho um absurdo. Não posso entrar com o meu cachorro pela garagem porque ele não pode subir de elevador nem pelas escadas. Também não posso entrar pela porta principal, tenho de dar a voltar e passar pelo supermercado, pela área de alimentos", diz o dentista Sérgio Girotto, proibido de entrar ontem com o labrador Ignacio.

Raças
Para justificar a proibição, o shopping lista uma lei e um decreto que tratam apenas das raças pit bull, rottweiller, mastim napolitano e american staffordshire terrier -que devem ser conduzidos de coleira, enforcador e focinheira, sem nenhuma menção ao limite de altura de 40 cm.
"Isso é ilegal. Qual a finalidade de ter um pet shop se os cachorros não podem entrar? Tenho outra loja no Eldorado e não tenho dor de cabeça. Só deveria ser proibido na praça de alimentação", diz Artur Nitta, dono do Bicho sem Grilo, no Frei Caneca.
"Já ouvi muita reclamação dos donos, dizem que, se for para proibir, tem de proibir todos, não só as raças pequenas", diz o segurança Juarez, que faz o controle, na porta, de quem pode entrar.
"Seleção por tamanho não faz sentido. Há muitos animais pequenos que são ranhetas. Cães de grande porte são dóceis e utilizados como cães-guias. Não há motivos para barrar um labrador", diz Denise Schwartz, professora de veterinária da USP.
Em nota, o shopping Frei Caneca diz que "todas as determinações seguem a legislação pertinente ao assunto".
Se a passagem para o supermercado estiver bloqueada, afirma a administração, "os usuários juntamente com seu cachorro seguem devidamente acompanhados pela equipe de segurança".
Mais tolerante, o shopping Pátio Higienópolis não adota restrições de altura para cães, mas exige que os bichos andem de coleira. No Iguatemi, os cachorros de grande porte podem circular livremente na alameda de serviços e só são barrados nos corredores nos fins de semana, dias de maior movimento de clientes.


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