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Pais afirmam que restaurante expulsou criança com distúrbio
Menino de 7 anos falava alto; proprietários alegam que apenas chamaram a atenção
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO
No último sábado, o casal
de advogados Glauber Salomão Leite, 37, e Carolina Valença Ferraz, 37, combinou
de se encontrar com parentes
no restaurante Epice, nos Jardins (zona oeste de SP).
Eles estavam com o filho
de sete anos, que, logo que
chegou, começou a pedir, em
tom de voz alto, por suco e
pão. Portador de um distúrbio com características do
autismo, o garoto às vezes
gesticula e fala alto.
Pouco tempo depois, um
dos sócios do restaurante,
Pedro Keese de Castro, se
aproximou e pediu que controlassem a situação, pois estava preocupado com o bem-estar dos outros clientes.
Segundo Glauber, ele ficou parado em frente à mesa,
até que os recém-chegados
resolveram sair. "Ele ficou
aguardando que a gente saísse. Nunca me aconteceu nada parecido", diz.
"Nosso filho ficou atônito,
sem perceber totalmente o
que havia ocorrido, pois acabamos deixando o restaurante quase imediatamente após
a nossa chegada."
Para ele, houve discriminação, pelo fato de a criança
ter necessidades especiais.
Glauber afirma que os
clientes das outras duas mesas ocupadas não aparentavam ter sido incomodados
com o barulho da criança, até
porque tinha se passado
muito pouco tempo.
O irmão de Glauber, George Salomão Leite, 35, que
também estava à mesa, foi
ontem ao Ministério Público
Estadual para saber como
formalizar uma denúncia
contra o restaurante "para
que isso não se repita com
outras pessoas".
Os donos do local negam
preconceito e dizem que não
convidaram os clientes a sair,
apenas pediram que o barulho fosse controlado, sem
perceber que a criança tinha
necessidades especiais.
"Pensamos que era uma
criança bagunceira. Os clientes começaram a olhar e a se
movimentar e pensamos: isso vai dar problema", diz a
sócia Lara Ezzeddine, 26.
Segundo ela, seu sócio ficou parado ao lado da mesa
esperando resposta, não
aguardando que saíssem.
"Com qualquer criança a
gente teria tido a mesma reação. Pedimos para manterem
o controle, porque é um ambiente tranquilo. Não quero
que eles pensem que somos
pessoas desumanas", afirmou a sócia.
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