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Bebida abre espaço para as drogas ilícitas
da Reportagem Local
Cerca de 15% dos jovens que
consomem álcool tornam-se dependentes, segundo estimativa da
Organização Mundial de Saúde.
Quanto mais cedo começam a beber, maior a probabilidade de o
quadro evoluir para o vício.
O vício também pode não ficar
apenas no álcool. Para o psiquiatra
Dartiu Xavier, coordenador do
Proad (Programa de Orientação e
Atendimento a Dependentes), da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), a bebida funciona como uma porta de entrada para as
outras drogas -as ilícitas.
"Costuma-se dizer que a maconha é que funciona como essa porta. Mas isso não tem comprovação
científica. A maioria das pessoas
que fumam maconha abandona o
uso após alguns anos, sem consumir outras drogas."
Na opinião do médico, o grande
problema do álcool é a tolerância
que a sociedade tem sobre ele. "Os
pais ficam extremamente preocupados quando descobrem que seus
filhos fumam um cigarro de maconha nos finais de semana, mas não
ligam se eles bebem duas ou três
vezes por semana."
Para Xavier, que há dez anos trabalha com prevenção em escolas,
são poucos os colégios que abordam a questão da dependência
com eficiência.
Segundo ele, a maioria das escolas resolve a questão com a expulsão do aluno que apresenta problemas. Fazendo isso, na opinião
do médico, a escola acaba com
qualquer possibilidade de fazer a
prevenção.
"O aluno que usa drogas, lícitas
ou ilícitas, ao ver um colega expulso por esse motivo, se esconde e
perde a oportunidade de discutir o
seu problema", afirma Xavier.
As escolas não admitem que
adotam essa postura, mas, para o
presidente da Associação Intermunicipal de Pais e Alunos, Mauro Bueno, ela é frequente.
"As escolas sequer admitem a
existência dos problemas para não
estragar sua imagem com os outros pais", diz.
Segundo Bueno, a expulsão costuma ocorrer de uma forma velada. "A escola chama os pais do
aluno com problemas e os convidam a retirar o filho do colégio. Os
pais também não brigam contra a
medida, para evitar o constrangimento."
(GD e RK)
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