|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Secretaria afasta 20 policiais suspeitos de receber propina
Investigadores são acusados de acobertar um esquema com máquinas de caça-níqueis em SP; nomes não foram divulgados
Planilhas apreendidas com advogado trazem indícios de pagamentos, que variavam de R$ 30 a R$ 40, em 71 dos 93 DPs da capital
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Segurança
Pública do Estado de São Paulo
afastou anteontem 20 investigadores e reforçou a equipe que
apura o envolvimento de policiais civis em esquema de propina para acobertar máquinas
de caça-níqueis em São Paulo.
Três delegados, dois promotores e três equipes policiais
vão atuar no caso -até então,
só uma delegada estava encarregada do inquérito.
Os nomes dos policiais afastados não foram divulgados pela secretaria.
Conforme a Folha revelou
na última quinta-feira, planilhas apreendidas no carro do
advogado Jamil Chokr, 34, suspeito de operar o esquema, indicam que houve pagamentos
em mais de 70% das delegacias
da capital paulista (em 71 dos
93 Distritos Policiais).
A propina por máquina variava de R$ 30 a R$ 40, segundo
os documentos. Hoje à tarde,
Chokr deve depor na Corregedoria da Polícia Civil.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o afastamento
dos policiais dos cargos de chefia não tem caráter punitivo,
mas visa dar mais transparência à investigação.
Os nomes e telefones dos policiais foram encontrados no
último dia 25, após Chokr bater
o carro, um Vectra. No carro,
também foram achados R$ 27
mil e 31 envelopes com dinheiro endereçados às delegacias.
As tabelas às quais a Folha
teve acesso e que estão sendo
analisadas pela Corregedoria
da Polícia Civil mostram que
Chokr tinha uma contabilidade
muito bem organizada.
O advogado, segundo documentos do inquérito, teria mapeado o número de máquinas
das quais seria responsável a
partir das áreas dos distritos
policiais da capital (exemplo:
8º DP - 45 máquinas).
Em uma das planilhas, referente a um mês, por exemplo,
Chokr anotou 1.173 máquinas
distribuídas em 71 distritos policiais -76% dos atuais 93 distritos na capital paulista. A
mesma planilha lista mais 276
máquinas na Grande São Paulo
e no ABC.
A Corregedoria também investiga se quatro laudos emitidos pelo Instituto de Criminalística, em 2006, foram forjados para favorecer pessoas que
estariam ligadas ao suposto esquema de propina de Chokr.
Em um dos quatro laudos,
peritos atestam que as máquinas analisadas pagam até
118,3% das apostas feitas. Isso
significa que, em todas as realizadas em alguns aparelhos, o
apostador sai vencedor.
Quatro dias antes de Chokr
se envolver no acidente de carro que desencadeou a ação da
Corregedoria, a Folha revelou
que o Gecep, grupo especial do
Ministério Público, começou a
apurar por que, durante um
ano e um mês, a Polícia Civil
não cumpriu ordem da Justiça
para apreender todas as máquinas caça-níqueis da capital.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: GCMs de São Bernardo do Campo entram em greve; um deles ameaçou se matar Índice
|