São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2007

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Secretaria afasta 20 policiais suspeitos de receber propina

Investigadores são acusados de acobertar um esquema com máquinas de caça-níqueis em SP; nomes não foram divulgados

Planilhas apreendidas com advogado trazem indícios de pagamentos, que variavam de R$ 30 a R$ 40, em 71 dos 93 DPs da capital

DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo afastou anteontem 20 investigadores e reforçou a equipe que apura o envolvimento de policiais civis em esquema de propina para acobertar máquinas de caça-níqueis em São Paulo.
Três delegados, dois promotores e três equipes policiais vão atuar no caso -até então, só uma delegada estava encarregada do inquérito.
Os nomes dos policiais afastados não foram divulgados pela secretaria.
Conforme a Folha revelou na última quinta-feira, planilhas apreendidas no carro do advogado Jamil Chokr, 34, suspeito de operar o esquema, indicam que houve pagamentos em mais de 70% das delegacias da capital paulista (em 71 dos 93 Distritos Policiais).
A propina por máquina variava de R$ 30 a R$ 40, segundo os documentos. Hoje à tarde, Chokr deve depor na Corregedoria da Polícia Civil.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o afastamento dos policiais dos cargos de chefia não tem caráter punitivo, mas visa dar mais transparência à investigação.
Os nomes e telefones dos policiais foram encontrados no último dia 25, após Chokr bater o carro, um Vectra. No carro, também foram achados R$ 27 mil e 31 envelopes com dinheiro endereçados às delegacias.
As tabelas às quais a Folha teve acesso e que estão sendo analisadas pela Corregedoria da Polícia Civil mostram que Chokr tinha uma contabilidade muito bem organizada.
O advogado, segundo documentos do inquérito, teria mapeado o número de máquinas das quais seria responsável a partir das áreas dos distritos policiais da capital (exemplo: 8º DP - 45 máquinas).
Em uma das planilhas, referente a um mês, por exemplo, Chokr anotou 1.173 máquinas distribuídas em 71 distritos policiais -76% dos atuais 93 distritos na capital paulista. A mesma planilha lista mais 276 máquinas na Grande São Paulo e no ABC.
A Corregedoria também investiga se quatro laudos emitidos pelo Instituto de Criminalística, em 2006, foram forjados para favorecer pessoas que estariam ligadas ao suposto esquema de propina de Chokr.
Em um dos quatro laudos, peritos atestam que as máquinas analisadas pagam até 118,3% das apostas feitas. Isso significa que, em todas as realizadas em alguns aparelhos, o apostador sai vencedor.
Quatro dias antes de Chokr se envolver no acidente de carro que desencadeou a ação da Corregedoria, a Folha revelou que o Gecep, grupo especial do Ministério Público, começou a apurar por que, durante um ano e um mês, a Polícia Civil não cumpriu ordem da Justiça para apreender todas as máquinas caça-níqueis da capital.


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