São Paulo, quinta, 18 de junho de 1998

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Pesquisador rejeita elo com crime organizado

da Reportagem Local

Para o Ilanud -órgão da ONU em São Paulo que trata da violência-, as chacinas na região metropolitana não são resultado de uma organização do crime.
Segundo o coordenador da entidade, Oscar Vilhena Vieira, "não há associação direta entre o crime organizado e as altas taxas de violência registradas na cidade".
Ele cita uma pesquisa concluída recentemente pela Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp), com apoio do Ilanud, que reproduziu a geografia das drogas em São Paulo e revelou que não se pode associar diretamente o tráfico à violência, principalmente aos homicídios.
O estudo mostra, por exemplo, que a zona sul de São Paulo, a mais violenta da cidade, é onde acontece o menor número de prisões por causa de drogas.
Segundo o coordenador das Promotorias Criminais de São Paulo, promotor Mário Papaterra Limongi, o fato de esse tipo de prisão ser baixo demonstra que o crime não está organizado, uma vez que o tráfico de drogas "representa um tipo de criminalidade que requer uma estruturação".
"Em São Paulo, não temos a organização típica do crime, com chefe, divisão de tarefas e inserção no poder público. As chacinas resultam de uma organização rápida para a prática de um crime determinado", afirmou Limongi.
Ocupação desordenada
De acordo com o coordenador da pesquisa, sociólogo Guaracy Mingardi, a alta incidência da violência na zona sul não pode ser explicada por uma suposta organização do crime, mas pela ocupação desordenada da região.
"Lá é a zona desorganizada, de ocupação recente. Ela é mais violenta porque não há uma sociabilidade antiga que una as pessoas. É uma região pobre, sem infra-estrutura, onde predomina a cultura da violência. O tráfico mata, mas não é tanto quanto se supõe."



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