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LEGISLATIVO
Lista mostra que projeto das subprefeituras recebeu apoio de parlamentares aliados após distribuição de cargos
Loteamento beneficiou 30 vereadores
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O loteamento de cargos que garantiu a aprovação, em primeira
votação anteontem, do projeto
que cria as subprefeituras em São
Paulo envolveu pelo menos 30
dos 55 vereadores. A segunda e
última votação do projeto estava
prevista para acontecer na madrugada de hoje.
Uma lista obtida pela Folha
aponta que, além de cargos nas
futuras subprefeituras, os vereadores também ganharam participação em outros setores da administração, como empresas e autarquias municipais.
A base aliada foi a grande privilegiada na distribuição de poder.
Cada vereador ganhou, em média, dez cargos, distribuídos em
subprefeituras, secretarias, hospitais, autarquias e serviços.
Segundo um vereador da base
aliada, a lista vinha sendo discutida nas últimas semanas e ainda
estava sendo negociada na noite
de ontem. Esse mesmo vereador
diz ainda que alguns dos nomes já
possuíam cargos na administração, mas ampliaram sua participação na máquina.
Em alguns casos, as futuras subprefeituras foram "divididas" entre vários vereadores, de partidos
diferentes.
Pela lista, alguns dos parlamentares, como o líder do PL, Antônio
Carlos Rodrigues, chegam a ter
cargos em quatro lugares diferentes. No caso de Rodrigues, a lista
aponta indicação de pessoas na
diretoria da Prodam (Companhia
de Processamento de Dados do
Município) e nas futuras subprefeituras de Campo Limpo, Santo
Amaro e Aricanduva.
O vereador foi um dos que comandaram uma rebelião na semana passada, quando os aliados
ameaçaram não votar os projetos
do Executivo caso a prefeitura
não cedesse mais cargos. "Isso [a
cessão de cargos" é uma calúnia.
Só votei a favor porque segui meu
partido", disse Rodrigues.
Após a rebelião, tanto o projeto
das subprefeituras quanto o da
Secretaria da Segurança, que enfrentavam resistência na Câmara
e estavam parados há meses, foram colocados em votação.
Também foram beneficiados
vereadores do PMDB, PC do B,
PDT, PTB, PGT e até do PPB (veja
quadro ao lado).
O líder do governo, José Mentor
(PT), afirmou ontem que não reconhece a veracidade da lista.
"Existe participação de alguns vereadores no governo, não importa se são muitos ou se são poucos,
mas isso não foi negociado em
troca de aprovação de projetos."
A proposta votada anteontem
foi elaborada pela comissão de
Política Urbana da Casa, mas
manteve os pontos principais
previstos no projeto original, como o número de subprefeituras
(31) e indicação do subprefeito
pela prefeita Marta Suplicy (PT).
Na primeira votação, o projeto
foi aprovado por 45 dos 55 vereadores. Eram necessários 28 votos
para aprovar a proposta.
A principal idéia do projeto é
descentralizar funções que hoje
são atribuídas à administração direta. As 31 subprefeituras substituirão as 28 administrações regionais existentes hoje, mas os subprefeitos teriam o status de secretário e um orçamento próprio.
Entretanto, o texto final que seria votado hoje teria algumas modificações. O novo texto foi elaborado pelo governo, com a participação do secretário de Implementação das Subprefeituras, Jilmar Tatto. O secretário passou o
dia na Câmara elaborando o projeto que, até a conclusão desta edição, não estava terminado.
A demora na conclusão do texto
irritou até mesmo alguns petistas,
que ameaçaram não votar a proposta sem conhecê-la melhor.
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