São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LEGISLATIVO

Lista mostra que projeto das subprefeituras recebeu apoio de parlamentares aliados após distribuição de cargos

Loteamento beneficiou 30 vereadores

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O loteamento de cargos que garantiu a aprovação, em primeira votação anteontem, do projeto que cria as subprefeituras em São Paulo envolveu pelo menos 30 dos 55 vereadores. A segunda e última votação do projeto estava prevista para acontecer na madrugada de hoje.
Uma lista obtida pela Folha aponta que, além de cargos nas futuras subprefeituras, os vereadores também ganharam participação em outros setores da administração, como empresas e autarquias municipais.
A base aliada foi a grande privilegiada na distribuição de poder. Cada vereador ganhou, em média, dez cargos, distribuídos em subprefeituras, secretarias, hospitais, autarquias e serviços.
Segundo um vereador da base aliada, a lista vinha sendo discutida nas últimas semanas e ainda estava sendo negociada na noite de ontem. Esse mesmo vereador diz ainda que alguns dos nomes já possuíam cargos na administração, mas ampliaram sua participação na máquina.
Em alguns casos, as futuras subprefeituras foram "divididas" entre vários vereadores, de partidos diferentes.
Pela lista, alguns dos parlamentares, como o líder do PL, Antônio Carlos Rodrigues, chegam a ter cargos em quatro lugares diferentes. No caso de Rodrigues, a lista aponta indicação de pessoas na diretoria da Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município) e nas futuras subprefeituras de Campo Limpo, Santo Amaro e Aricanduva.
O vereador foi um dos que comandaram uma rebelião na semana passada, quando os aliados ameaçaram não votar os projetos do Executivo caso a prefeitura não cedesse mais cargos. "Isso [a cessão de cargos" é uma calúnia. Só votei a favor porque segui meu partido", disse Rodrigues.
Após a rebelião, tanto o projeto das subprefeituras quanto o da Secretaria da Segurança, que enfrentavam resistência na Câmara e estavam parados há meses, foram colocados em votação.
Também foram beneficiados vereadores do PMDB, PC do B, PDT, PTB, PGT e até do PPB (veja quadro ao lado).
O líder do governo, José Mentor (PT), afirmou ontem que não reconhece a veracidade da lista. "Existe participação de alguns vereadores no governo, não importa se são muitos ou se são poucos, mas isso não foi negociado em troca de aprovação de projetos."
A proposta votada anteontem foi elaborada pela comissão de Política Urbana da Casa, mas manteve os pontos principais previstos no projeto original, como o número de subprefeituras (31) e indicação do subprefeito pela prefeita Marta Suplicy (PT).
Na primeira votação, o projeto foi aprovado por 45 dos 55 vereadores. Eram necessários 28 votos para aprovar a proposta.
A principal idéia do projeto é descentralizar funções que hoje são atribuídas à administração direta. As 31 subprefeituras substituirão as 28 administrações regionais existentes hoje, mas os subprefeitos teriam o status de secretário e um orçamento próprio.
Entretanto, o texto final que seria votado hoje teria algumas modificações. O novo texto foi elaborado pelo governo, com a participação do secretário de Implementação das Subprefeituras, Jilmar Tatto. O secretário passou o dia na Câmara elaborando o projeto que, até a conclusão desta edição, não estava terminado.
A demora na conclusão do texto irritou até mesmo alguns petistas, que ameaçaram não votar a proposta sem conhecê-la melhor.



Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Prefeita nega ter cedido cargos a parlamentares
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.