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Crianças são enterradas em quintais
DA SUCURSAL DO RIO
A realidade encontrada nas 16
cidades visitadas surpreendeu os
pesquisadores da Fiocruz. Em alguns municípios, o hábito de registrar o nascimento ou a morte
de um bebê é tão incomum que
incomoda os moradores, acostumados a enterrar nos quintais de
casa as crianças mortas.
"Eles enterram as crianças no
quintal e acham normal. Muitos
são tratados como anjinhos, e os
corpos ficam em casa, às vezes
com fotografias do enterro expostas", conta Célia Szwarcwald.
Os pesquisadores foram às cidades para fazer o que classificaram
como busca ativa dos óbitos, ou
seja, a visita dos técnicos em cada
município para verificar, por conta própria, quantos menores de
um ano morreram na cidade e
comparar o número com o indicador oficial do sistema de saúde.
Em alguns municípios, como
em Nova Olinda do Norte (AM),
apenas uma das 19 mortes verificadas pelos pesquisadores havia
entrado no registro oficial.
Na média dessas cidades, a proporção de óbitos não registrados
oficialmente foi de 66%, ou seja,
mais da metade das mortes não
eram notificadas oficialmente.
"Em algumas casas, nem as
mães se lembravam ao certo a
idade com que o filho morreu",
afirma Maria do Carmo Leal.
Mesmo as mortes de menores
de um ano que aconteciam em
hospitais públicos eram subnotificadas nesses municípios. Mais
da metade das mortes cuja fonte
de informação dos pesquisadores
foi o hospital não estão incluídas
nas estatísticas oficiais.
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