São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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IBGE já leva em conta subnotificação

DA SUCURSAL DO RIO

O resultado dos indicadores elaborados pela Fiocruz, que mostram um problema sério de subnotificação, não significa que a taxa de mortalidade infantil no Brasil seja maior do que a divulgada pelo IBGE.
Isso acontece porque o IBGE, órgão oficial das estatísticas brasileiras, já leva em conta problemas de subnotificação ao elaborar a taxa de mortalidade infantil.
O demógrafo Celso Simões, especialista no cálculo de mortalidade infantil do IBGE, diz que, devido à precariedade do registro em cartórios e nos sistemas de saúde, o instituto prefere fazer o cálculo perguntando às mães, em pesquisas como censo e Pnads (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), se houve morte de menores de um ano na família.
O IBGE também usa uma fórmula, elaborada pelo demógrafo inglês William Brass, para detectar casos de sub-registro, já que mesmo as mães podem se esquecer ou omitir a informação.
Quando o instituto divulgou os dados mais recentes para Estados e municípios, houve críticas. Vários Estados reclamaram que o IBGE, ao aplicar a fórmula, estava superdimensionando as taxas.
A pesquisa da Fiocruz foi encomendada no ano passado, quando o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, era ministro da Saúde e havia uma desconfiança dos técnicos do ministério em relação aos dados do IBGE.
"O IBGE não leva em consideração que em alguns Estados os dados já são confiáveis. Com isso, a taxa pode estar maior do que realmente é", afirma Célia Szwarcwald, da Fiocruz.
Simões, do IBGE, prefere adotar uma postura cautelosa.
"Temos que dar uma margem à dúvida, mesmo nos Estados mais desenvolvidos. Estamos vendo nas reportagens sobre violência casos de cemitérios clandestinos no Rio. Esses casos dificilmente são registrados. Prefiro pecar por excesso do que por omissão."
Simões e Célia concordam em alguns pontos. O primeiro deles é que, independentemente da forma de cálculo da mortalidade, a tendência no Brasil é de queda.
Outro ponto que eles defendem é a melhoria do registro, o que permitiria calcular um índice menos sujeito a erros de estimativa.



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