São Paulo, sábado, 18 de julho de 1998

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Clandestino fazia antibiótico

VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

A Vigilância Sanitária de Pernambuco fechou ontem em Recife o laboratório clandestino Diproqiseb, que produzia dipirona, éter, iodo, elixir paregórico, tetraciclina e água oxigenada.
O local não tinha autorização para funcionar. Foi o segundo laboratório clandestino fechado na cidade, nos últimos três dias.
O Diproqiseb funcionava em um quarto nos fundos da residência do proprietário, engenheiro agrônomo Hanover Leite Mesquita, 74, no Barro, periferia da zona sul de Recife.
No local, os funcionários da Vigilância encontraram cerca de 2.000 embalagens dos medicamentos e uma máquina supostamente utilizada para envasar alguns dos remédios.
"O quarto é sujo, pequeno, não tem nem pia. É um local que não tem condições nem sequer de fabricar pipoca, quanto mais medicamentos", disse a diretora da Vigilância, Adeilza Ferraz.
Os remédios produzidos pelo laboratório eram "falsificados", disse Ferraz. No local, porém, não foi encontrada a matéria-prima utilizada para fabricá-los.
"A tetraciclina é um antibiótico; a dipirona, utilizada contra febre. Imagine o risco que correm as pessoas que ingerem esses remédios", afirmou.

Sem registro

O Diproqiseb funcionava havia cerca de três anos. Não tinha registro no Ministério da Saúde nem na secretaria da Saúde.
Também não tinha farmacêutico, uma das exigências para funcionamento de laboratórios.
As vendas dos medicamentos eram feitas sem nota fiscal, segundo a Vigilância.
"Por isso não podemos saber para quais farmácias os produtos desse laboratório foram vendidos", disse Ferraz.
Segundo ela, o proprietário do Diproqiseb disse que mantinha o laboratório porque "precisava alimentar a família".
Mesquita não foi preso, mas responderá a processo da Secretaria da Saúde por "infração sanitária". O processo deve ser encerrado em 30 dias, segundo a Vigilância. O resultado será encaminhado às Polícias Civil e Federal, informou Ferraz.
A Vigilância Sanitária descobriu o Diproqiseb por uma denúncia feita por integrantes da Secretaria Estadual da Saúde em Limoeiro (77 km de Recife).



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