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IMUNOLOGIA
Produtos inócuos facilitam a proliferação de microrganismos resistentes a antibióticos
Remédio falso favorece surgimento de superbactérias, diz pesquisador
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Natal
O uso de medicamentos falsificados, com pouco ou nenhum
princípio ativo em sua fórmula,
poderá provocar o aumento da taxa de infecção hospitalar no Brasil.
O alerta foi feito ontem pelo professor de imunologia e microbiologia José Mauro Peralta, da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro), durante simpósio na 50ª
Reunião Anual da SBPC, em Natal
(RN).
A utilização desses medicamentos nos hospitais, disse, também
pode induzir o surgimento de cepas (variedades) de microrganismos resistentes às substâncias que
deveriam combatê-los.
Os tratamentos com esses medicamentos, afirmou Peralta, exigem a utilização de doses controladas. Sem esse controle, disse, aumenta o risco de proliferação de
microrganismos mutantes.
Doenças emergentes
O mecanismo das eventuais mutações, comparou Peralta, seria
semelhante ao que provocou o
ressurgimento da tuberculose. A
doença, disse, reapareceu em função do abandono prematuro da
terapêutica por pacientes.
A interrupção sistemática do
tratamento, afirmou o professor,
fez surgir cepas resistentes aos antibióticos até então usados, facilitando sua disseminação.
Peralta ressaltou que modificações genéticas de microrganismos
não são beneficiadas apenas pelo
uso inadequado de medicamentos
ou de drogas incapazes de combater doenças.
Fatores ambientais, econômicos, demográficos e sociais também favorecem o reaparecimento
ou surgimento de novas infecções.
O controle sobre as variantes virulentas, disse o professor, passa
pelo monitoramento genético dos
microrganismos, que pode levar
anos para ser concluído.
Por meio desse método, afirmou, é possível acompanhar
eventuais alterações e prevenir as
comunidades contra o surgimento
ou ressurgimento de doenças.
Peralta citou como exemplo de
doença emergente a infecção por
choque tóxico. Relatada pela primeira vez em 1987, ela é causada
por uma bactéria do gênero Streptococcus, que tornou-se agressiva
por motivos ainda desconhecidos.
Normalmente, afirmou Peralta,
essa bactéria só provocaria faringites e febre reumática, doenças
conhecidas "há muito tempo".
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